terça-feira, 31 de agosto de 2010

Do silêncio dos crentes

À hora a que escrevo, é notável a ausência de referências na imprensa digital portuguesa à publicação, por parte de entidade independente, do relatório sobre a avaliação/auditoria do IPCC.

Muito resumidamente, como o Daily Telegraph anota, a entidade independente recomenda que o IPCC deixe de se dedicar ao lobbying e se centre na investigação científica. No Libertad Digital, sublinha-se a recomendação feita ao IPCC para adoptar mudanças bo seu comportamento, nomeadamente, limitando sus predicciones a los casos en que se tengan certezas científicas y evitando dar consejos a los políticos. Até o New York Times, conhecido pelos seus artigos alarmistas, sublinha a recomendação que  o IPCC «need to be more open to alternative views and more transparent about their own possible conflicts of interest».

Parece, afinal, que os designados cépticos tinham algumas(!) razões para questionarem muitos dos processos conduzidos pelo IPCC ao longo dos anos, nomeadamente o processo de revisão de textos científicos conhecido pelo peer review (revisão pelos pares).

O documento completo produzido pela entidade independente pode ser consultado aqui. Para os que têm pouco tempo (ou que são mais preguiçosos), aqui está disponível o sumário executivo.

Enjoy yourselves. E pensem.

domingo, 29 de agosto de 2010

Da aprendizagem da vida


Pedro Passos Coelho (PPC) fez passar como sua a ideia de que Manuela Ferreira Leite só não ganhou as eleições legislativas de 2009 por manifesta e exclusiva inépcia.

"Batedores" de PPC chegaram mesmo (e continuam) a afirmar que as matérias de carácter não deveriam constar do debate político pois o efeito prático da sua exposição era o de conduzir à perpetuidade de Sócrates no poder (por exemplo, aqui).

As sondagens, favoráveis, que surgiram no 2º trimestre de 2010, reforçaram esta ideia. PPC ajudava o governo e quem perdia era Sócrates. Era fácil. Demonstrada ficava a justeza da acusação contra Ferreira Leite.

Eis senão, à medida que se vai percebendo que, afinal, e para grande surpresa de PPC (que se defronta pela primeira vez com o facto de Sócrates não cumprir os seus compromissos), os impostos sobem mas a despesa também (mais esta que aqueles), que os desastres se sucedem: o projecto-que-afinal-ainda-não-era de revisão constitucional demonstra à saciedade a ausência de doutrina por parte de PPC; o "calçadão" de Quarteira, feito de conversa oca, desfaz-se na primeira oportunidade (vide Expresso de 28-08-2010, "PSD admite cortes nas deduções dos 3 escalões [de IRS] mais altos").

Entretanto, Sócrates ganha fôlego. Ele sabe que a mentira, não exaustivamente exposta, lhe rende nas sondagens (e nos votos). PPC intui, pela primeira vez, que não vai ser fácil. Espero que tenha a sageza de contar com Cavaco e não permita que coisas como esta ou esta continuem por muito tempo. Caso contrário, que Rui Rio comece a fazer as malas!


Adenda: também publicado, com pequenas alterações, na caixa de comentários do Portugal dos Pequeninos.

sábado, 28 de agosto de 2010

Curioso

Curioso como os grandes defensores do estado social são exactamente os que mais contribuem para o seu colapso através da destruição que promovem da economia.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

As renováveis mistificações




Os sítios A ciência não é neutra e Ecotretas vêm prestando um inestimável e efectivo serviço público mediante o qual é possível ao leigo descodificar muito do que se vai passando neste "renovável" reino.

A utilidade da sua intervenção é uma vez mais de sublinhar a propósito da publicação, no remanso de Agosto, da discreta portaria que concretiza a "instituição de instrumentos de incentivo à garantia de potência" e das correlativas notícias publicadas na imprensa  como, por exemplo, aqui (em rigor, uma "notícia") e aqui.

É assim que ficamos a saber que o investimento subsidiado através dos novos "instrumentos de incentivo" se destina a cobrir os períodos de intermitências da energia eólica, ou seja, dos períodos do dia em que, pela ausência de vento, há que recorrer a centrais de alternativa para cobrir as necessidades de energia eléctrica.

É assim que ficamos a perceber, com clareza, que os custos de investimento da energia eólica têm, não uma mas três parcelas de investimento (pondo de lado os custos de interligação à rede eléctrica), a saber:
  • O custo de investimento das eólicas de per se;
  • O custo de investimento decorrente das intermitências da energia eólica (e da solar);
  • O custo de investimento da bombagem para albufeiras para armazenar energia, produzida pelas eólicas, quando em excesso.
Nada mal quando pensamos que, para além do custo de investimento, o valor pago por kw de energia eólica produzida é de cerca de 30% superior ao custo médio anual de produção!

Que treta, hein?

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

A "doença senil" de Vieira de Carvalho?



«Quantas empresas nos Estados Unidos, desde as de informática às agro-industriais ou que fabricam sapatos, vivem da manutenção diária de "um" porta-aviões? Quanto não deve a prosperidade de empresas farnacêuticas e clínicas privadas às solicitações do Exército norte-americano? (...) Haverá, em suma, algum sector da economia norte-americana que não seja directa ou indirectamente estimulado pelo efeito multiplicador do investimento na Defesa?» (in Público, 23-08-2010)