segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Um sinal de inteligência (e de liberdade) II

De cada vez que ocorre uma apreensão de estupefacientes por parte das entidades policiais já sabemos que tal acontecimento dará direito a uns minutos nas notícias nas televisões e nos jornais no dia seguinte onde a duração das notícias é função da quantidade apreendida. Sabemos também qual é o cenário adoptado: numa mesa ou no chão estarão devidamente ordenadas as embalagens em que a droga estava acondicionada e, bem assim, quaisquer armas, munições ou dinheiro que também tenham sido eventualmente apreendidos.

Subliminarmente tenta-se passar para a opinião pública que as entidades policiais estão a ganhar a luta contra o tráfico de estupefacientes (as apreensões sobem todos os anos). Mas será assim? E é fácil obter uma resposta: hoje, por referência há um ano, cinco ou dez atrás, um grama de cocaína (ou outro qualquer estupefaciente) custa mais ou menos que custava nos becos dos bairros conhecidos? Não vejo que haja um jornalista disposto a fazer um pouquinho de investigação sobre o tema. E a resposta é definitiva sobre quem está a ganhar e quem está a perder. Há quem tenha feito essas contas noutras paragens (ler aqui, por exemplo).

O debate está, felizmente, a crescer e cada vez é maior a coragem em discutir tabus. Não por acaso, é no país que mais sofreu com a "lei seca" que o tom mais sobe como mostra um extracto de um artigo hoje publicado no Económico a propósito do défice orçamental com que a Califórnia se debate:
"Em carta aberta, um grupo de proeminentes professores universitários de Direito, escreve: 
«Durante décadas, o nosso país prosseguiu uma política ineficaz, e de desperdício, de proibição da marijuana. Tal como aconteceu com a proibição do álcool, esta abordagem falhou no controlo da marijuana, deixando o seu comércio nas mãos de um mercado negro violento e desregulado. Ao mesmo tempo, a proibição da marijuana inundou os tribunais da Califórnia com dezenas de milhares de delinquentes não violentos todos os anos. No entanto, a marijuana continua tão disponível como nunca, com adolescentes a reportarem que é mais fácil comprar marijuana do que álcool neste país».

1 comentário:

Francisco disse...

O combate à droga é um ópio do povo.