sábado, 30 de abril de 2011

Dignidade

Manuela Ferreira Leite, Expresso, 30-04-2011

«(...) do que verdadeiramente temos saudades é do tempo em que fomos avisados de que, com a política que estava a ser seguida, estávamos a ser conduzidos para o abismo.

Saudades temos do tempo em que, sabendo que não tínhamos dinheiro para nada, continuámos a endividar-nos alegremente, esperando que a rotura se verificasse numa época em que os responsáveis já tivessem saído de cena.

Mas os responsáveis ainda cá estão e, ao ameaçarem em tom jocoso com as "saudades do PEC 4", não só estão a desrespeitar os sacrifícios dos portugueses como procuram claramente alijar responsabilidades sobre a actual situação do país. Como se os sucessivos PEC 1, 2 e 3 não fossem da sua inteira responsabilidade.

Ora são estes que agora simulam espantar-se com o que aí vem os mesmos que reagiam de forma agressiva e sistemática a quem denunciava a verdadeira realidade do país que nos conduziria aonde estamos.

Saudades do tempo em que se podia ter agido "ainda a tempo", sem tanta dor e com independência.»

A agenda neo-liberal e a adequada dose de sarcasmo

Pela insuspeita The Economist, aqui temos a prova de que, após um período em que o Estado supriu os aspectos mais inceitáveis do capitalismo, sobreveio o do triunfo do neo-liberalismo que explica os horrores decorrentes da actual crise da dívida soberana...


(Via A Arte da Fuga)

Obama, energia, subsídios e esquizofrenia

"When oil companies are making huge profits and you're struggling at the pump, and we're scouring the federal budget for spending we can afford to do without, these tax giveaways aren't right".
Se as empresas petrolíferas estão a ter grandes lucros, bom para elas. Mas se os americanos (e o resto do mundo) estão "strugling at the pump" tal não se deve, como a declaração de Obama induz malevolamente a pensar, que é a procura desses lucros das empresas que explica essa luta. A explicação é simples e reside nas leis da procura e da oferta. E assim, e apesar da notícia referir que Obama não se opõe ao aumento da produção americana de petróleo a verdade é que a sua acção real tem sido exactamente em sentido oposto (como ilustrei aqui), impedindo na prática a extracção de petróleo no Alasca e no Golfo do México.

Obama diz que os subsídios às empresas petrolíferas devem acabar. Totalmente de acordo. Mas se algo haverá de esperar em resultado do  fim desses subsídios é exactamente contribuir para o aumento do preço dos combustíveis nas bombas...
"But I also believe that instead of subsidizing yesterday's energy, we should invest in tomorrow's -- and that's what we've been doing."
Reparem no jogo de palavras: quando se refere à energia de ontem (petróleo) fala em "subsídios"; em contrapartida, relativamente às "energias do futuro" (eólica e solar no essencial), já se refere a "investimento". E aqui está outra falácia habitualmente usada pela retórica keynesiana (ou cainesiana, na versão tuga, como João Miranda, com humor e sageza, baptizou idêntica retórica socratista). Estes "investimentos" (patrocinados pelos governos federal e pelos estados)  não são menos subsídios que os atribuídos às empresas petrolíferas ou carboníferas. Como tal, são tão ineficientes e dispensáveis quanto os outros.

Os malthusianos contemporâneos

andam, há largas décadas, a anunciar catástrofes iminentes. O que têm em comum estas catástrofes, claro, é que elas não aconteceram. Nenhuma delas. A taxa de crescimento de produtos alimentares tem, consistentemente, sido superior à da população e, apesar do choro das Cassandras, os recursos naturais não se esgotam, a começar pelo petróleo. E apesar das incontáveis patetices proféticas de Paul Ehrlich escarrapachadas no seu famoso "Population Bomb" (1968), e sucessivamente declinadas, por exemplo, em "Ecoscience: Population, Resources, Environments" (1978), "Extinction" (1981) ou "The Population Explosion" (1990), espantosamente, ainda há quem o ouça e a outro(a)s que tais.

Hoje, uma vez mais, tal como em 2008, por todo o lado se ouve e lê que as reservas de petróleo se estão a esgotar (apesar de Obama se recusar a permitir extrair mais petróleo do seu  próprio país, 3º produtor mundial, ainda que procure estimular o Brasil a fazê-lo em plataformas off-shore que proíbe no Golfo do México tal como indiquei aqui).

O economista Steve Horowitz, em entrevista ao Juíz  Napolitano explica este "fenómeno":

Melhor default agora que default depois

Cumpridas as devidas distâncias para com tão distintas figuras, estou totalmente de acordo em entrarmos, controladamente, em default (eufemisticamente designada por reestruturação da dívida).

Expresso, 30-04-2011 - Clicar para ver melhor

Falar claro sem tibieza

Expresso, 30-04-2011
Eduardo Catroga tem toda a razão e não apenas metaforicamente. A posição actual de Carlos Costa, Governador do Banco de Portugal, não lhe permite ir tão longe nas palavras, mas o sentido último das suas declarações é exactamente o mesmo.

Da avaliação do desempenho

Através do Cachimbo de Magritte fiquei a saber que foi a seguinte a avaliação do desempenho dos juízes portugueses, em 2010, pelo Conselho Superior da Magistratura:


Lendo o gráfico: 96,9% dos juízes portugueses são "Bons", "Bons com Distinção" ou "Muito Bons"; 3% cumprem de forma "Suficiente" e 0,1% são "Medíocres".

Não é necessário subscrever uma qualquer Teoria da Conspiração para suspeitar destes resultados e isto não apenas pela apreciação generalizada do mau funcionamento da Justiça. Não. Esta distribuição de resultados é uma impossibilidade estatística (num universo superior a 1800 juízes), convicção que se reforça quanto olhamos à evolução da avaliação desde 2005:


Como se esperaria, o sistema tende a degradar-se ao longo do tempo: se em 2005, 8% dos juízes tiveram classificação inferior a "Bom", já em 2010 essa percentagem reduz-se a 3,1%; por outro lado, os 63% dos juízes com classificação superior a "Bom" em 2010 eram "apenas" 54% em 2005.

No dia em que ficou a conhecer-se que o Tribunal Constitucional considerou inconstitucional a suspensão da avaliação de desempenho dos professores, é importante perceber que ligar, umbilicalmente, a avaliação do desempenho a uma progressão salarial - que se torna vitalícia logo que adquirida (mesmo que o desempenho em anos posteriores seja negativo) - é um pecado capital dos sistemas de avaliação nas entidades públicas que só pode ser atenuado através do estabelecimento de quotas.

Num sistema privado, o desempenho em cada ano, se positivo, tende a ser premiado com um prémio anual, cujo custo é reversível caso o desempenho se degrade em anos subsequentes. Já a "promoção" é resultado de uma apreciação relativa normalmente a um período "alargado" tendo sempre presentes as condições concretas de competitividade/saúde financeira da entidade.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Ron Paul e a sua solução 10%

Olha que chatice!

E nós tão necessitados estávamos por certezas...


(Via WUWT)

A Internacional da Banksta (nas vésperas do 1º Maio)

Um video resultante de uma bela montagem de históricos momentos:


Uma letra alternativa àquela muito conhecida que fornece a música de fundo.

E, para finalizar, um cartaz condizente:

Clicar para ver melhor
(Via ZeroHedge)

Obrigatório ler

Helena Matos, no Público ou no Blasfémias: PSD: ter poder ou ter razão?

Federal Reserve For Dummies

Mais uma belesíssima produção da Xtranormal.

A coragem de dizer a verdade em voz alta

Silva Rodrigues, CEO da Carris, falando a título individual, no evento final do movimento "Mais Sociedade", diz que sector dos transportes "está à beira do abismo". Alguns excertos(realces meus):

"Há má gestão? Claro que há má gestão nalguns casos. Existe sobretudo má gestão do accionista [Estado], existe sobretudo uma grande irresponsabilidade dos responsáveis políticos."
"O sector está à beira do abismo [16 mil milhões de euros, cerca de 9,5% do PIB]  mas isso não surpreende, não pode surpreender ninguém. Há muitos anos que caminhamos para a beira do abismo. É uma verdadeira bola de neve que está a rolar a uma velocidade vertiginosa, sabíamos todos que ia esbarrar contra uma parede um dia, mas não esperávamos que a parede fosse a situação que vivemos agora."
Entre os principais problemas que identificou, está o sistema complexo montado nos transportes públicos, explicando que existem em Lisboa "mais de 500 títulos diferentes", uma base tarifária média "muito inferior ao custo médio por passageiro" ou a política dos chamados passes sociais, que diz "não têm critérios sociais".

Não podemos querer um país onde reine a impunidade

Manuel Maria Carrilho, no Diário de Notícias:

«As estatísticas foram o grande aliado da mitomania deslumbrada que nos tem governado nos últimos anos. Mas, como diz o Povo, "quem com ferro mata, com ferro morre". E o bumerangue dos números aí está, e é assustador: Portugal é a economia mais lenta do mundo e a única em recessão em 2012. Estamos com o mais baixo crescimento dos últimos 90 anos. A nossa dívida pública é a pior dos últimos 150 anos, mesmo sem contar com as empresas públicas ou as PPP. O nosso desemprego é o mais alto desde que há registos. Temos a segunda maior onda de emigração do último século e meio, com uma das maiores "fugas de cérebros" registadas pela OCDE. A nossa taxa de poupança é a pior dos últimos 50 anos e continuamos com o dobro do abandono escolar de toda a União Europeia, sendo o 2.º pior dos 27, logo a seguir a Malta

Ainda a ética republicana, laica e socialista

Aguardamos por explicações acerca deste post no Insurgente.

Obama: falsificação de documentos?

Afinal isto parece indicar tratar-se de uma fraude grotesca. Como Alex Jones refere no video, esta historieta do certificado de nascimento de Obama que qualquer pessoa medianamente inteligente gostaria de a arrumar em definitivo, pode tornar-se em algo muito grave: um crime de falsificação de documentos. Vejam por vós:

Quem tem medo de artigos de mercearia baratos?

A guerra à Wallmart (a maior cadeia de retalho do mundo)


(Via ReasonTV)

Números da bancarrota Sócrates

(Com a devida vénia ao 4República)

Despesa pública superior a 50% do PIB, poupança nacional a níveis miseráveis, mais de 600 mil desempregados, uma dívida líquida externa de de 107% do PIB e uma dívida pública na ordem dos 93%. Não há nada em que tenhamos melhorado, e este já era o sentido geral dos indicadores em 2007 (anteriores à crise internacional a que Sócrates quer imputar, manhosamente, as nossas dificuldades). 

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quinta-feira, 28 de abril de 2011

O derradeiro dever de Teixeira dos Santos

Da edição do Sol de 29-04-2011

Não tenho qualquer simpatia por Teixeira dos Santos. Deixou que Sócrates fizesse o que  fez quase até ao fim. Foi conivente na manipulação e na mentira continuada. Na 25ª hora entendeu esticar a corda e, provavelmente, encostou Sócrates à parede forçando-o a fazer o que não queria. O resultado para Teixeira dos Santos já sabemos qual foi mas prestaria um serviço ao país se, antes das eleições, contasse o que sucedeu.

Quem assim aje actua sem razão ou moral

Esta peça do New Yorker relativa aos documentos que a Wikileaks revelou sobre Guantánamo sumariza brilhantemente a política de detenção de Bush — e agora de Obama (tradução minha via American Conservative):

Eis algumas das razões por que temos pessoas detidas em Guantánamo, de acordo com os documentos obtidos pelo WikiLeaks e, na sequência, por muitos outros jornais e televisões: um agricultor (rendeiro) porque familiarizado com os caminhos de montanha; "um afegão, em virtude do seu conhecimento geral das áreas de Khost e Cabul em resultado das suas frequentes viagens pela região como motorista de táxi"; um uzbeque, porque poderia falar sobre os serviços secretos do seu país, e um do Bahrein sobre a família real do seu país (ambos os países são aliados da América); um homem de oitenta e nove anos, padecendo de demência, para explicar documentos que, segundo ele, eram do seu filho; um imã, para especular sobre o que os crentes frequentadores da sua mesquita estariam a preparar; um operador de câmara da Al Jazeera para pormenorizar as suas operações; um britânico, que tinha sido um prisioneiro dos talibãs, porque "se supunha que ele conhecesse as formas de tratamento dos prisioneiros por parte dos talibãs e as suas tácticas de interrogatório"; recrutas talibãs para que pudessem explicar as técnicas de recrutamento dos Talibãs; um miúdo de catorze anos de idade, de seu nome Nagib Ullah, descrito no seu processo como uma "vítima de sequestro", que poderia conhecer os talibãs que o raptaram (Ullah passou um ano na prisão). As nossas razões, em resumo, nem sempre involvem a convicção que um prisioneiro representa um perigos para nós ou tenha cometido algum crime; por vezes (e isto é o mais degradante) basta-nos pensar que ele possa vir a ser-nos útil.

O surreal ministro Mendonça visto por Max Ernst

"Não há nenhuma alteração" ao TGV

The Elephant Celebes

Há um terrível perigo a pairar sobre todo o mundo

Marc Faber:

«See the first-of-its-kind Federal Reserve press briefing (*). Ben Bernanke--Chair of the Fed, U.S. National Economic Planner, Manipulator of the Money Supply, Master of the Debased and Hopelessly Inflated Dollar, Taker of Purchasing Power, Mauler of the Mortgage Market, Great Enabler of Moral Hazard and Second-To-None Stealer of American's Savings---presumably felt the need to explain his stellar record to us. This guy is an all-star. Grab some popcorn.»


(*)-Vitória, exclusiva, de Ron Paul.

A luta do século: Keynes vs. Hayek (Parte II)

Em ritmo hip-hop. Divertido mas instrutivo.


Para quem perdeu a Parte I, fica aqui o link respectivo: http://youtu.be/d0nERTFo-Sk

Dos limites da desfaçatez (5)

16-03-2011 - Jornal de Negócios: Subsídio de desemprego vai durar menos tempo

16-03-2011 - Esclarecimento do Ministério do Trabalho: Ao contrário d noticiado pelo Jornal de Negócios, [n]ão existe (...) qualquer proposta para alterações (...) [à] redução da duração do subsídio de desemprego.


Mais uma mentira entre tantas outras. E assim continua, denotadamente, a defesa do Estado "social".

Sócrates - Uma Tragédia Evitável

Com a devida vénia ao blogue Ortodoxia

A mentira como política

Nas páginas 26 e 27 do programa eleitoral do PS às eleições legislativas de Junho próximo, pode ler-se:

«[N]a verdade, a execução orçamental de 2010 fez recuar significativamente o défice orçamental. Tendo em conta a base comparável, isto é, o mesmo universo das administrações públicas considerado para a determinação do défice de 2009, o défice de 2010 foi de 6,8% do PIB, isto é, menos 2,7 pontos percentuais do que no ano anterior. Este é um indicador evidente do esforço de consolidação[!!!]».
Ou seja: a "folga" orçamental que Sócrates se ufanava nos inícios de Janeiro, por duas vezes num espaço de um mês, viu os 6,8% passarem a 9,1% (até ver) havendo que ter em atenção que mesmo estes últimos, em rigor, deviam ser acrescidos de 1,6% correspondentes à receita extraordinária do fundo de pensões da PT. Dito de outra forma, o défice sem cosmética em 2010 foi (por agora) de 10,7%! Daí que manter como meta para o défice orçamental os 4,6% do PIB seja, aparentemente suicidário (caso se pretenda mesmo atingi-lo).

O despilfarro socrático descrito por Carlos Costa

Ainda a "pesada herança"

Há tempos declarei solenemente por aqui, explicando a razão pela qual não iria renovar a minha assinatura da The Economist velha de mais de 30 anos. Dito isto, reconheço que não há outros gráficos como os que a revista apresenta, como este que hierarquiza o valor per capita das reservas em ouro, aferidas em dólares.


O que será talvez interessante para muitos é o "honroso" 7º lugar que Portugal ocupa, correspondente à detenção de 383 toneladas de ouro pelo banco de Portugal que é o que sobra das cerca de 800 toneladas existentes à data de 25 de Abril de 1974. Os mais velhos recordar-se-ão, a este propósito, da expressão "pesada herança", usada em tom jocoso...

Interessante também a ausência da lista por parte do Reino Unido que tem uma explicação simples: Gordon Brown, o ex-primeiro-ministro britânico, vendeu 60% das reservas de ouro quando o preço estava a 300 dólares a onça (hoje está a mais de 1520 dólares).

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Dos limites da desfaçatez (4)

 11-07-2008 - Novo Código do Trabalho combate a precariedade
O Primeiro-Ministro, que esteve presente na reunião da Comissão Permanente de Concertação Social sublinhou a importância deste «novo compromisso social». «O País precisa desta reforma» que vai contribuir para aumentar a produtividade e competitividade das empresas, a negociação colectiva e o combate à precariedade.
27-04-2011 - Portugal é o 2º país europeu que mais usa o trabalho temporário no setor administrativo público sendo que 20% dos trabalhadores temporários estão no Estado.

John Stossel - Evolution To Liberty

Obama vai tendo o resultado das suas próprias acções

Dan Kish, vice-president no Institute for Energy Research, emitiu a seguinte declaração a propósito de declarações de Obama relativamente à produção de petróleo (realces meus):
The President now says his administration is pushing major oil producers to increase oil output in an effort to lower prices. What he really needs is to have someone tell the government of the world’s 3rd largest oil producer to boost output. In case he is unaware, that oil producer is the United States.

He could do that at his next cabinet meeting by telling EPA to stop holding up Shell’s drilling in Alaska and by telling Secretary Salazar to stop closing access to our nation’s energy supplies, which the Congressional Research Service says are larger than any country on earth.

The President is beginning to look like the Ugly American in his attempts to point the finger of blame anywhere but his record, which includes seeking higher taxes on energy and stopping energy production wherever possible. It requires a suspension of disbelief to accept his protests about higher energy prices when that is his policy. His chickens are coming home to roost.

O mito do votante racional

The Myth of the Rational Voter: Why Democracies Choose Bad Policies, de Bryan Caplan, que já ocupou um lugar na vitrina das "Leituras", é um livro apaixonante cuja leitura aconselho especialmente no quadro de disputa eleitoral em que nos encontramos. Na palestra a que respeita o video abaixo, Caplan explica as teses que adopta no seu polémico livro de uma forma que acho fascinante. A não perder (caso consigam arranjar tempo, o recurso mais escasso de todos...). 

Vitorino Magalhães Godinho


Homenagem sentida a um intelectual brilhante e um homem de uma verticalidade invulgar que nos deixou ontem, aos 92 anos de idade.

Depois da Líbia... (act.)

Despite Reports of Brutality Toward Civilians, Syria to Join U.N.'s Human Rights Council (via Cachimbo de Magritte). É o descrédito total das Nações Unidas.

Por que foi necessário esperar três anos?

Há três anos que os "birthers" andavam a clamar pela apresentação de um certificado de nascimento "completo" que provasse que Obama é de facto americano de nascimento e, portanto, elegível para presidente dos EUA. Durante três anos, às insistências dos "birthers", nada aconteceu. Agora, que o "peso pesado" e multi-milionário Donald Trump resolveu juntar a sua voz à dos "birthers" no contexto da sua corrida presidencial do próximo ano, o documento aparece. Nestas circunstâncias, é natural que a dúvida se instale (ver também aqui).

Quem está em cargos públicos tem que perceber que não é sustentável que dúvidas se estabeleçam relativamente aos seus titulares. É preciso desfazê-las, quanto antes. Em alternativa, é arrumar as malas e ir-se embora, Caso contrário, o ambiente torna-se progressivamente mais irrespirável e fétido. Nós, portugueses, temos bem a obrigação de saber que assim é.

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Ron Paul prepara candidatura presidencial em 2012

Pela terceira vez, tudo indica que Ron Paul se irá apresentar à corrida presidencial em 2012. Desta vez até o Guardian dá relevo a essa possibilidade. Até Bernanke se vê na obrigação de dar explicações às actuações da Fed!


Adenda: Election 2012: Barack Obama 42%, Ron Paul 41%

Wikileaks e Hipocrisias (3)


Noto, espantado, a prática ausência na imprensa, na televisão mas também na blogosfera, da referência às Guantánamo Files com revelações escandalosas quanto à forma como foram obtidas suspeitas(?) contra muitos dos detidos assim como o facto do Whitehall ignored warnings about 'Londonistan’ danger.

Observo que todas as hecatombes anunciadas pelo "fim da diplomacia" e dos "milhares de pessoas" que ficaram expostas correndo perigo de vida, são substituídas por vagas sucessivas de informações relevantíssimas sobre os governos que estes escondem dos seus cidadãos.

Duas notas sobre o 25 de Abril (act.)

Noto agora (graças ao António Costa Amaral) - sou muito distraído - que não fiz por aqui nenhuma menção ao aniversário do 25 de Abril, à excepção de mais um episódio de boçalidade congénita. Faço-o agora.

Primeiro, uma nota pessoal.

No dia 25 de Abril de 1974, com 16 anos, eu conhecia muito bem o conjunto de vozes e canções que só se podiam ouvir no recato da casa dos amigos, sob pena de se arranjar sarilhos. Como sempre fui noctívago e tinha um teste marcado para esse mesmo dia, estive a estudar pela noite fora e foi assim que, para meu grande espanto, ouvi a "Grândola" na rádio sem suspeitar, contudo, que algo de especial estivesse a ocorrer.

Quando cheguei ao liceu de manhã, a confusão era total e já nem sequer houve aulas. À tarde, participei na minha primeira manifestação pelas ruas da cidade. Foi um dia inesquecível para o adolescente que eu era. A partir daí, e até à "normalização" de 25 de Novembro de 1975, foi um ano e meio de loucura colectiva, em movimento parabolicamente acelerado. Aprendi muito, muito depressa e o essencial do que sou hoje formou-se nesses meses loucos mas simultaneamente riquíssimos pelas experiências proporcionadas. Foi, creio, e apesar do drama familiar conexo, um privilégio ter crescido nessa altura.

E o liberal que quero ser, o que pensa?

Não pode haver dúvidas que mesmo o 25 de Novembro selou a vitória da ideologia socialista ou, talvez melhor, estatista, que, pouco a pouco, foi semeando os fundamentos da crise profunda que atravessamos, com mais nitidez, nos últimos 10/12 anos. É, em certa medida, um fenómeno semelhante a muitos dos terrenos destruídos vítimas da "campanha do trigo" de Salazar.

É certo que nos conseguimos libertar da tutela militar assim como, mercê de outra revisão constitucional, foi possível mexer na lei de "delimitação dos sectores" que proporcinou o aparecimento da banca privada nacional, de operadores de telecomunicações, de televisões privadas, etc, assim como levar a cabo uma extensa campanha de reprivatizações. Porém, mesmo aqui, o Estado sempre procurou mitigar essa liberalização quer reservando para si participações minoritárias (em defesa dos "centros de decisão nacional", lembram-se?), quer recorrendo a golden shares ou, de forma mais insidiosa, promovendo "negócios" privados num conúbio propiciador de riquezas acumuladas sem explicação aparente e, em consequência, potenciando a corrupção que grassa, impante.

Não haja dúvidas. Um liberal não pode deixar de considerar como libertador o 25 de Abril. Mas, simultaneamente, e em função dos 37 anos já decorridos, não pode deixar de ser muito severo na avaliação que faz do percurso. Um permanente recuo do espaço de liberdade individual à custa de um estatismo crescente e cerceador da criatividade não pode merecer outra atitude.

Por tudo isto, a um liberal exige-se, hoje mais que nunca, que seja radical. É isto que Passos Coelho não é. É por isso - por não ter a coragem de ser radical - que corre o sério risco de perder as eleições ou apenas ganhá-las por pouco, o que é quase o mesmo.

Se fosse a vocês...


Como vemos, a defesa do Estado "social" prossegue, com todo o rigor e empenho, nomeadamente, a rentabilidade do seu produto PPR que compete com os privados (o meu, por exemplo, tem uma remuneração mínima certa). Cabe perguntar, como faz o Miguel aqui, o que se passará com o Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social de quem muito se falou em recentes colocações de dívida pública? Como oficialmente se negou que estaria a ser usado para comprar dívida pública em condições eventualmente desastrosas, é bem provável que o tenha feito. São os tempos que correm.

O estado, os subsídios e o descalabro económico

Tenho vindo a manifestar, de forma muito veemente, a criminosa política de subsidiação de etanol nos EUA que já levou a que 40% da produção americana de milho lhe seja destinada, desviando assim recursos (terrenos e respectivas colheitas) tão necessários para acorrer às crescentes necessidades de alimentos, especialmente num contexto de espiral de preços que atravessamos.

A política americana é tão absurda (subsidiação aos agricultores e aos industriais americanos a que se junta a adopção de uma política alfandegária que fixa elevadíssimas tarifas à concorrência do etanol brasileiro) que até Al Gore reconhece agora que foi um erro essa política e que ele próprio a defendeu porque estava interessado em obter os votos dos estados agrícolas.

Mas para que não me veja acusado de só falar nas políticas absurdas dos Democratas e em particular das de Obama, hoje tenho uma história engraçada, também sobre o etanol, do neocon Newt Gingrich. O Wall Street Journal, neste artigo de 30 de Janeiro último, apontou Newt Gingrich como apoiante do lóbi do etanol como o atestava um discurso que o próprio Gingrich tinha pronunciado uns dias antes. Em resposta, a 3 de Fevereiro, Gingrich escreve ao WSJ, onde afirma:  "I am not a lobbyist for ethanol, not for anyone. My support of increased domestic energy production of all forms, including biofuels and domestic drilling, is born out of our urgent national security and economic needs."

Ora sucede que esta última declaração de Gingrich é uma pura mentira, como se pode deduzir aqui. Na verdade, à firma de consultoria de Gingrich, foram pagos $312,500 pelo lóbi do etanol Growth Energy em 2009, conforme demonstra a declaração de impostos da organização!

A estratégia eólica de Obama

Segundo o The Providence Journal, a empresa chinesa Goldwind será a fornecedora  de três turbinas eólicas que serão instaladas na costa ao largo de Providence. A instalação das turbinas será financiada em parte por 750 mil dólares a título de "estímulos" federais já que, supostamente, será em benefício da economia americana.
O professor de direito de Cornell, William Jacobson, comenta:
"Vamos lá a ver se consigo enunciar a estratégia eólica de Obama correctamente":
"Pedimos dinheiro emprestado à China para comprar turbinas eólicas à China que irão aumentar as tarifas domésticas de electricidade de tal modo que os nossos industriais sejam incapazes de competir com os chineses!"

Dos limites da desfaçatez (3)


Mais uma. Gostei especialmente do acabamento das "questões pessoais".

terça-feira, 26 de abril de 2011

Bombardear Damasco?

O antigo membro da CIA, "caçador" de bin Laden, Michael Scheuer, explica porque vê confusão, ignorância e mesmo arrogância quanto à forma como os EUA vêm gerindo as recentes situações de instabilidade no Médio Oriente:

Governo 'ataca' PPR para pagar dívida


Segundo o Sol, o "[e]xecutivo quer convencer o sector financeiro a canalizar a maior parte dos fundos dos Planos Poupança Reforma para investimentos em títulos soberanos. Mas a ideia não está a ser bem acolhida pelos bancos".  Ou seja, depois de se preparar para pagar os 13º e 14º meses em títulos da dívida pública, em rigor, lixo tóxico, ameaça agora as nossas poupanças constituídas em bancos privados no mesmo sentido!

We Don't Need No (Public) Education

Sheldon Richman, um advogado de sempre da separação entre a escola e o Estado, é um crítico do movimento da "escolha de escola", argumentando que mesmo nas charter schools [escolas com contrato com o Estado], o financiamento continua a ser propiciado pelo Estado e, como tal, continua a ser este último a ditar as regras, e não os pais, como defende.


(Via ReasonTv)

Alerta máximo!


Como o governo nega que o "FMI tenha proposto pagamento de subsídios com títulos do Tesouro", a probabilidade de tal acontecer aumentou significativamente. Que os distraídos se ponham a pau pois tal hipótese significará, como o Miguel bem assinala, que "o FMI tenha proposto pagamento de subsídios com lixo tóxico". Também eu "preferiria ser pago com arroz e batatas".

A educação e as mercearias

Com os meus agradecimentos pela chamada de atenção por parte de António Costa Amaral, a seguir se traduz de forma algo livre (realces meus), o texto de Don Boudreaux, intitulado "Grocery School", na sequência do meu desabafo de ontem:

«Suponhamos que éramos abastecidos com artigos de mercearia da mesma forma que hoje nos são fornecidos os serviços relativos ao ensino oficial obrigatório [K-12 nos EUA].

Nessa situação, os residentes em cada município iriam pagar impostos sobre as suas propriedades sendo que uma enorme parte dessas receitas fiscais seriam então gastos pelos funcionários do governo na construção e operação dos supermercados/mercearias existentes no município. Aos munícipes seria atribuído um supermercado em particular, em função da sua residência. Nessas circunstâncias, cada família poderia então começar a consumir a sua quota semanal de mantimentos e restantes artigos de supermercado de "borla". (Os funcionários do Departamento de Supermercados, naturalmente, ficariam com a responsabilidade de determinar os montantes e tipos de mantimentos que as famílias de diferentes tipos e tamanhos teriam direito a receber.)

Excepto em raras circunstâncias, nenhuma família seria autorizada a adquirir produtos num supermercado "público" fora do seu município.

Os moradores dos municípios mais ricos (...) seriam, obviamente, servidos de melhores produtos e de maior variedade que os moradores dos municípios mais pobres. Na realidade, a qualidade dos supermercados públicos teria um papel determinante nas escolhas que as pessoas fariam dos bairros para viver.

Quando a qualidade dos supermercados fosse reconhecida por quase todos como deprimente, ir-se-ia operar um movimento em favor "da escolha do supermercado", movimento esse que seria de imediato rejeitado por uma coligação de trabalhadores de supermercados governamentais e colectivistas ideologicamente distraídos. Os objectivos últimos dos militantes "pró-escolha de supermercado" seriam vistos como tentativas para enganar os clientes dos supermercados do bom serviço prestado – na realidade, como tentativas para negar às famílias comuns a comida que elas necessitam para a sua sobrevivência. Tal "escolha," seria alegado, drenaria preciosos recursos dos supermercados públicos cuja (reconhecida) má performance apenas demonstraria o facto de estes  não terem o financiamento adequado.

E o pequeno grupo de pessoas que viria a pedir a total separação total entre supermercados e Estado seriam criticados por quase todos como sendo, na melhor das hipóteses, delirantes e - o que seria talvez mais realista - misantropos diabólicos indiferentes à desnutrição e fome que varreria a terra se às forças do mercado fosse permitido o aprovisionamento dos supermercados. (Alguns observadores indignados chegarão a pensar em voz alta na insensibilidade de se referir aos utentes de supermercado como "clientes"; certamente que o relacionamento entre fornecedores de alimentos essenciais à vida e as pessoas que os consomem não pode grosseiramente caber no conceito de uma relação "comercial").

(....)

Alguém acredita que um tal sistema para o fornecimento de alimentos iria funcionar bem, sequer num décimo da qualidade com que o actual sistema privado concorrencial de que depende o fornecimento de serviços de retalho no supermercado o faz? Para aqueles de vós que pensem assim, perdoar-me-ão, mas estais loucos.

Para aqueles de vós que ao invés entendem que um tal sistema para o fornecimento de serviços de retalho de supermercado seria uma catástrofe, como podereis continuar a contar-vos nas fileiras daqueles que acreditam que o sistema estatal de ensino (especialmente a forma como é actualmente financiado e fornecido) é o sistema que deve continuar a ser utilizado?»

A arreliadora, porque permanente, defiência sináptica

Na sequência do sucedido que relatei aqui, vem agora Lello justifica[r] ofensa a Cavaco com “arreliadora deficiência tecnológica”

Eu estava a enviar mensagens a um colega meu de bancada e, naturalmente, a utilizar uma linguagem que entre amigos é corrente”, afirmou.

“Se estivesse a exprimir-me publicamente utilizaria o politiquês e diria que o Presidente da República não foi suficientemente abrangente e, portanto, aquilo que eu disse senti”, acrescentou à RR.

Agora, acrescenta o dirigente socialista, classifica essa formulação, como “uma arreliadora deficiência tecnológica, que passou a público”.
Sempre "elegante", o arreliado tecnológico.

O necessário minguar do Estado e o fim dos tabus

Na sequência da entrevista do Professor Sampaio Nunes, a que me referi aqui, António Carrapatoso: Empresas devem assegurar serviços públicos e "assumir uma parte" dos funcionários

Numa entrevista infelizmente apenas disponível na edição em papel do Jornal de Negócios, Carrapatoso defende que os "[f]uncionários públicos podem ser "transferidos" para entidades privadas, juntamente com serviços da Saúde e da Educação., acrescentando ainda que “[t]emos que ver qual a hipótese legal de renegociar contratos de PPP”.

Já vimos este filme

Por LR, no Blasfémias

Em 1995 Guterres disse algo semelhante – no jobs for the boys! – e, desde então para cá, tem sido um fartar vilanagem.
Em vez destas “nobres” declarações, seria porventura mais eficaz que Passos Coelho comunicasse o seu projecto (imagino que o tem) de redução do peso do Estado. Tal só pode ser feito com privatizações e extinção de múltiplos organismos, sejam eles Institutos Públicos, Fundações, Câmaras Municipais ou Juntas de Freguesia. Então poderíamos acreditar numa considerável redução de jobs.

Radicalismo, princípios e atavismos

Quando hoje li "[a]dmito que o privatização de escolas públicas que têm sistematicamente maus resultados possa ser uma alternativa ao seu fecho pura e simples. Mas generalizar o princípio a toda a rede é um exagero. O Estado deve manter uma forte rede de escolas estatais", como comentário a esta entrevista, fiquei triste embora, claro está não surpreendido. O horror a qualquer proposta radical em que nos deixámos enredar, mesmo após 37 anos de permanente e crescente acção do Estado em todos os sectores (=socialismo), nomeadamente na Educação, em que, em rigor, não houve diferença substantiva entre os diferentes Ministérios, desde os tempos de Veiga Simão (com a fugaz excepção de Magalhães Godinho), será a raíz do nosso permanente definhamento. Por que razão cósmica terá o Estado que deter uma "forte rede de escolas estatais?". Admito que nem todos os professores pretendam ser empreendedores, mas para privatizar as escolas não bastará que haja uns poucos milhares?

Contraste-se este nosso atavismo, com a frescura intelectual de um homem de 75 anos, médico ginecologista de profissão, que faz do "radicalismo" do seu discurso a defesa dos seus princípios a começar pela defesa da Constituição Americana, a simplicidade desarmante com que responde às pequenas(?) armadilhas das suas entrevistadoras. Quando lhe perguntam como acabaria com a guerra do Afeganistão, a resposta é imediata: "da mesma forma que entrámos em guerra (sem a declarar): saindo de lá!!!"

Dos limites da desfaçatez (2)

Para José Sócrates, apesar das dificuldades que se estão a viver, «não podemos permitir que se obscureça todos os progressos que o país fez nos últimos seis anos».
Pelo contrário: que todos os portugueses se não obscureçam! Lembrem-se, por exemplo, dos 150 mil novos empregos!

Quando os ditadores caem, quem se levanta?

pergunta Pat Buchanan. Segue-se uma tradução minha dos primeiros excertos:
«Um mês antes da invasão do Iraque, Riah Abu el-Assal, um Palestiniano e bispo Anglicano de Jerusalém na altura, avisou Tony Blair, "Vocês serão responsáveis pelo esvaziamento do Iraque, a terra de Abraão, dos Cristãos".

O bispo veio a revelar-se um profeta. "Depois de quase 2000 anos" escreve o Finantial Times, "os Cristãos Iraquianos contemplam agora abertamente a sua própria extinção. Alguns dos seus prelados chegam a aconselhar mesmo o voo de saída."

O déspota secular Saddam Hussein protegeu os Cristãos. Mas a libertação dos EUA trouxe com ela a maior calamidade desde os tempos de Cristo. Muitos milhares de Cristãos Iraquianos fugindo ao terrorismo e à perseguição de que foram alvo desde 2003 rumaram à Síria, onde receberam santuário sob o Presidente Bashar Assad.

Agora, como o FT e o Washington Post noticiam, os Cristãos da Síria, cujos antepassados lá viveram desde os tempos de Cristo, enfrentam um pogrom caso o regime de Damasco caia.

Os Cristãos são 10 por cento da população da Síria, bem sucedidos e estreitamente aliados do regime de minoria Alauita da família Assad. Um observador de Beirute referiu que, "O medo deles é se o regime cair nas mãos da maioria Sunita, pois eles serão encostados à mesma parede que os Alauitas."»
Ler o resto do artigo (ou o original, na íntegra)

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Dos limites da desfaçatez


Nas próximas semanas, seremos sujeitos a um duríssimo teste, sucessivamente renovado, dia a dia: o limite da inimaginável sem-vergonha. A propaganda socratista inspira-se directamente na máxima hitleriana: "Quanto maior for a mentira, mais pessoas acreditarão nela".

A rasca luminária do tabernáculo do rato


A criatura Lello, presidente do Conselho de Administração da AR, afirmou, segundo o Público (edição em papel), na sequência da decisão tomada pela Comissão Permanente de não realizar nenhuma sessão comemorativa em São Bento, sequer na sala do Senado, afirmou que "aquilo [a sessão comemorativa] é sempre uma missa que não sei se é benéfica" e que "este ano, o senhor Presidente da República vai fazer uma missa com outros oficiantes".

Não contente com tão prestigiante declaração, o Lello reincide, agora na sua página do Facebook: “Este presidente é mesmo foleiro. Nem sequer convidou os deputados para a cerimónia do 25 Abril”. O insulto ao Presidente da República não é virgem vindo desta criatura do tabernáculo do rato. Já na sequência do discurso de tomada de posse de Cavaco Silva, a criatura tinha mimoseado o Presidente da República de "ressabiado".

Orwell e os Porcos na sua versão 3.0

Clicar para ver melhor

Onde está a zona de exclusão aérea na Síria?

De acordo com o Guardian, em Syrian tanks and troops move into Deraa, "mais de 350 pessoas morreram desde que a contestação ao regime começou há cinco semanas atrás na Síria. O pior dia de baixas ocorreu na 6ª feira passada, com 112 mortes, de acordo com grupos de direitos humanos". Hoje, 2ª feira, "Jabla está cercada pelas forças de segurança" segundo testemunha, em contacto telefónico. "Os mortos estão nas mesquitas e nas casas. Não conseguimos tirá-los de lá."

"Parece assim que o bom povo sírio está a ser massacrado por um diabólico ditador. Há algo de familiar nisto. Por que será que os militares dos EUA não estão a caminho para impedir a continuação do massacre? Onde estão os mísseis Tomahawk? Onde estão os aviões não tripulados (drones)?" Pergunta-se no The Burning Platform
"Sabem por que nunca haverá um zona de exclusão aérea na Síria? Eles [sírios] têm 2.5 biliões de barris de petróleo de reservas. A Líbia tem 47 biliões de barris. A história oficial é que estamos a suportar os rebeldes e a sua vontade de independência. Isto é apenas bullshit (...). O mesmo se passa com o Iémen. Ausência de reservas de petróleo - licença para matar os cidadãos à vontade do ditador de serviço."

Perigo iminente

Economia e modelos matemáticos (1)

Extactos de "Economics is far too important to be left in the care of academics", por Roger Bootle:
Yet the issues that many practical economists have to deal with do not yield to bludgeoning by ever more complex systems of equations or intensive torturing of the data by econometrics. They are issues rooted in our nature as human beings living in society. What yields results is usually a mixture of deep understanding of society and its institutions, close knowledge of all the relevant magnitudes, familiarity with the history – and good judgment.
How can these skills be acquired? Not by studying the modern academic subject called "Economics". In most cases that is almost like undergoing a self-administered lobotomy. Students of economics today are force-fed theoretical models of startling banality and irrelevance, leavened only by doses of econometric techniques of dubious validity and near-zero intellectual interest.

domingo, 24 de abril de 2011

O legado da dívida

As 4 maneiras de gastar dinheiro

"Capitalism and Freedom" e "Free To Choose", de Milton Freedom, foram dois dos livros que me serviram de contrapeso à "tralha" keynesiana que constituía a ortodoxia académica por que passei na universidade.

No video seguinte, que se reporta a "Free to Choose", Friedman explica que há quatro maneiras de gastar dinheiro e, em consequência, quatro comportamentos associados:

1. Quando gastamos o nosso dinheiro connosco;
2. Quando gastamos o nosso dinheiro com alguém que não nós;
3. Quando gastamos o dinheiro de outros connosco próprios;
4. Quando gastamos o dinheiro de outros nem alguém que não nós.

Criança precoce e informada

sábado, 23 de abril de 2011

A verdade do desastre legado pelo Aldrabão-Mor

INE revê défice de 2010 para 9,1% do PIB
"Nos termos dos regulamentos da União Europeia, em 22 de abril [sexta-feira], o INE enviou ao Eurostat uma revisão da primeira notificação de 2011 relativa ao Procedimento dos Défices Excessivos (PDE). A revisão efetuada determinou um aumento da necessidade de financiamento e da dívida das Administrações Públicas, respetivamente, em 0,5 e em 0,6 pontos percentuais do PIB em relação aos valores apurados para 2010 na notificação inicial", revela o INE em comunicado.

No final de março o défice orçamental de 2010 havia sido atualizado para 8,6%.
O Aldrabão-Mor, em 11 de Janeiro passado, tinha declarado que "o Estado não só vai cumprir a sua meta orçamental de 7,3%, como vai ficar claramente abaixo desse valor". Viu-se. E, que nunca se esqueça, mesmo após o recurso ao truque do fundo de pensões da PT.

Caminhos para a Liberdade

Jacob Huebert, autor de Libertarianism Today, apresenta a sua perspectiva optimista mas simultaneamente realista para o desenvolvimento do movimento libertário numa excelente palestra.

Ingenuidades

Uma brecha na muralha dos bancos centrais


Os senhores da foto, da esquerda para a direita, são os presidentes dos bancos centrais dos Estados Unidos, da Inglaterra, do Japão e dos países da zona euro (BCE), respectivamente, Ben Bernanke, Mervyn King, Masaaki ShiraKawa e Jean-Claude Trichet.

Com cambiantes, a missão primordial atribuída a um banco central prende-se com a estabilidade da moeda de cuja emissão está encarregue e é normalmente exercida em regime de monopólio. Por sua vez, a manutenção da estabilidade da moeda está intrinsecamente ligada à evolução do índice geral de preços em cada país/zona e, mesmo, dada a relevância económica destas potências em todo o mundo.

Daí que a recente e ainda que apenas implícita mea culpa (ver documento), por parte do Banco Central do Japão ser co-responsável pela actual alta de preços das matérias-primas seja um momento histórico pois constitui uma autêntica brecha em instituições tipicamente fechadas sobre si mesmas e que se auto-declaram acima da capacidade de errar. O Banco reconhece ter participado, em conjunto com os outros bancos centrais encabeçados pela Fed, em políticas monetárias expansionistas e manutenção de taxas de juro reais negativas (inferiores à taxa de inflação).

Este artigo do Libertad Digital (de onde extraí a foto), sumariza as conclusões do estudo do Banco Central do Japão que acima referenciei.

Propostas radicais, precisam-se

é o que parece impossível que os partidos do "arco do poder" alguma vez venham a propor aos portugueses. O PS, impregnado de marxismo jacobino a que se acoplaram as "fracturas" LGBT, nunca aceitará propor algo que possa surgir como sequer parecendo por em causa a progressividade do imposto sobre o rendimento. O CDS, excepto no breve período que foi liderado por Lucas Pires, sempre foi um partido igualmente socialista apenas diferindo na forma como o estado procede à redistribuição. O PSD, dos três potencialmente o menos iliberal, tem sofrido de uma ausência de liderança que se afirme pela diferença que a ruptura com o status quo sempre significa.

De acordo com a edição do Financial Times de ontem, "quando os portugueses regressarem ao trabalho na próxima 3ª feira, o plano de salvamento da sua economia garrotada pela dívida, implicando a adopção de medidas severas de austeridade e de reformas estruturais, deverá estar perto da sua conclusão". "Para além de aumentos de impostos, reduções salariais e congelamento de pensões, o pacote deverá igualmente incluir medidas para liberalizar os mercados de trabalho, do arrendamento e da energia em ordem a endereçar os problemas de fraco crescimento económico e baixa produtividade".

Se "liberalizar o mercados de trabalho" vier a significar acabar com a precariedade dos contratos de trabalho, ou seja, tornar livre a contratação e o despedimento, pois muito bem; se "liberalizar o mercado de arrendamento" significa tornar livre a fixação das rendas e a duração dos respectivos contratos garantindo-se em simultâneo que a aplicação da justiça será imediata caso uma das partes não cumpra o acordado, muito bem também. Se "liberalizar os mercados de energia" significa acabar com as tarifas reguladas e com as tarifas feed-in e os famigerados Custos Económicos(!) de Interesse Geral(!), melhor ainda. Vergonha será não termos nós portugueses a coragem de há muito as ter posto em prática.

Já expliquei aqui que está em curso mais uma gigantesca manobra para desvalorizar as próximas eleições de Junho com o pretexto de que "são todos iguais" e que "tudo está já decidido pelo FEEF/FMI pelo que o governo que vier não tem graus de liberdade". MENTIRA! O Estado tem que emagrecer quer por força de privatizações quer pela diminuição das funções que hoje assume devolvendo aos portugueses o espaço de actuação e criatividade que o Estado lhes tem sonegado. Para isso, é necessário também que o sistema fiscal seja radicalmente modificado, a começar pelos impostos sobre o rendimento. Que se eliminem as deduções fiscais sim mas, em contrapartida, se caminhe para uma flat tax que incentive o trabalho e premeie o esforço individual. Como Rand Paul propõe neste pequeno video:

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Coelhinho da Páscoa

Dia Internacional da Mãe Terra

Na sequência de [n]a senda de Lenin, Stalin e Mao:

«A proclamação de 22 de Abril como Dia Internacional da Mãe Terra é um reconhecimento de que a Terra e os seus ecossistemas proporcionam aos seus habitantes a vida e o sustento. Nela se reconhece também uma responsabilidade colectiva, tal como previsto na Declaração do Rio de 1992, na promoção da harmonia com a natureza e a Terra para alcançar um justo equilíbrio entre as necessidades económicas, sociais e ambientais das gerações presentes e futuras da humanidade». (Tradução de um excerto da página das Nações Unidas)

«Aqueles que sonham na celebração de tratados pela ONU para estabelecer um "Ministério da Mãe Terra" são os mesmos tipos de pessoas que erroneamente pensavam que Orwell ["1984"] estava escrevendo um manual de instruções e não uma obra de ficção distópica. A noção de que os governos devem representar a vontade e os interesses de uma bola gigante de minerais desprovida de mente ou desejos é o resultado da filosofia ambientalista em acção. É tão absurdo como uma figueira candidatar-se ao Congresso, ou um advogado tentar receber instruções de uma folha de relva (Tradução de um excerto de Happy Mother Earth Day, Citizen!, por Ben O'Neill)

A Síria e a dinastia corrupta dos Assad

Esta semana, o presidente sírio, Bashar al-Assad, resolveu levantar o estado de emergência vigente no país, ininterruptamente, desde 1963(!) tentando dessa forma libertar alguma da pressão política acumulada e diminuir a vontade de participação nas manifestações anunciadas para hoje. As notícias que vão chegando, evidenciam, pelo contrário, que se terá atingido antes um pico de confrontação entre manifestantes e as forças policiais de que terão resultado dezenas de vítimas das quais 25 mortos, elevando-se assim para 220 o número de vítimas mortais desde que os protestos começaram há seis semanas atrás, segundo o Guardian.

Como os casos da Tunísia, Egipto, Líbia, Jordânia, Barhein e Yémen têm abundantemente mostrado, se é verdade que a revolta contra o status quo mobiliza vários sectores dos respectivos países entre os quais forças democráticas, não há garantia alguma que dos novos "equilíbrios" políticos subsequentes resultem necessariamente regimes mais benignos que os derrubados.

«Why do you think there aren’t millions in the street demonstrating against Bashar? It’s not because they’re afraid of the security forces. It’s because they’re afraid of what would replace Assad.» 

A jogada de poker falhada e a queda no abismo

Apesar de toda a barragem de desinformação, parecia-me evidente o que aqui escrevi ontem a propósito de Teixeira dos Santos. O que o Expresso hoje divulga, com chamada à primeira página, confirma-o(*).

Terá sido pois Teixeira dos Santos quem forçou o pedido de ajuda, com a entrevista por escrito que deu ao Jornal de Negócios, retirando a Sócrates qualquer hipótese de recuo e obrigando-o, no próprio dia à noite, a anunciar ao país a decisão de formalizar esse pedido.  Ora tal comportamento por parte de Teixeira dos Santos só pode significar que, no seu julgamento (e logo após a reunião com os banqueiros), se tinha chegado a uma situação limite e que o continuado bluff de Sócrates, na sua vã esperança na emergência de um novo mecanismo de ajuda europeia, tinha caído por terra.

Se foi isto que se passou, a Teixeira dos Santos é-lhe exigível esclarecer, antes das próximas eleições, de quem foi a responsabilidade de não se  ter accionado o pedido de ajuda logo que se percebeu que os yields da dívida a 10 anos tinham estabilizado acima dos 7%, fasquia a partir da qual o próprio Teixeira dos Santos tinha declarado ser insustentável para o país.

Que não se repita o escândalo ocorrido nas eleições de 2009 onde se sonegou informação fundamental aos eleitores e se permitiu que um homem sem escrúpulos, que vive para o poder, continuasse a conduzir-nos para o abismo em que caímos.

(*) - Com a ressalva de o Expresso ter sido, ele próprio, meses a fio, um dos principais veículos de desinformação governamental.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Líbia: novas provas da guerra "humanitária"

Ao mesmo tempo que o Tribunal Penal Internacional anunciou estar a investigar acusações de crimes de guerra contra Muammar Kadhafi e outros membros do regime líbio, surgem o que parecem ser devastadoras provas, em forma de vídeos, que evidenciam terríveis atrocidades cometidas pelos rebeldes e simpatizantes anti-Kadhafi. Execuções sumárias, linchamento de prisioneiros, profanação de cadáveres e até uma decapitação. Os alvos dos abusos mais graves parecem ser presos negros africanos. (Tradução livre do trecho inicial de Mounting Evidence of Rebel Atrocities in Libya)

Os clips, de uma violência extrema, entremeados de "Allahu Akbar!" evidenciam uma decapitação aqui, um espancamento brutal aqui.

Equidade

Dos futuros ex-Ministros de Estado

Os dois ministros de Estado do governo Sócrates II não farão parte das listas de candidatos a deputados do  PS. O Ferro-Socratista Vieira da Silva foi o porta-voz escolhido para justificar a exclusão dos futuros ex-ministros.
De Luís Amado que, recorde-se, por várias vezes "afrontou" publicamente José Sócrates, é recordado o tratamento de camarada, é explicitamente afirmado que terá "manifestado a sua vontade de não continuar com este tipo de intensidade e de inserção na vida política".
Já quanto a Teixeira dos Santos, Vieira da Silva diz "[u]m partido faz sempre opções. São convidadas umas centenas de pessoas e muitos milhares não são convidadas" e que “ todas as coisas na vida mudam. As coisas começam e acabam. É um acto normal ter acabado”.
Este tratamento pronunciadamente diferenciado é fruto, sem sombra de dúvida, de choque frontal havido com Sócrates por parte de Teixeira dos Santos, provavelmente a propósito do recurso à ajuda do FEEF e FMI. Teixeira dos Santos, que durante 6 anos foi um biombo para Sócrates a quem emprestou a sua aura de "competência", foi o rosto da "consolidação"/embuste da execução orçamental de 2009 seguido de idêntico descalabro em 2010, é despedido sem apelo nem agravo. Moral e profissionalmente merece-o: conduziu-nos, ou deixou que fôssemos conduzidos, ao buraco em que nos encontramos e onde iremos permanecer por muitos anos.
Talvez, ao menos, possa vir a público dizer o que se passou entre ele e Sócrates. Prestaria ao país um serviço. Até lá, shameless!

E se as estradas fossem privadas?

Para muitos, de chofre, tratar-se-á de um disparate que nem merece um pingo de atenção. Já para os intelectualmente curiosos, deixo a indicação que há quem se tenha debruçado sobre o tema e produzido todo um conjunto de argumentos que, no mínimo, merecem contraditório. Walter Block, professor de economia e assumido anarco-capitalista, é uma dessas pessoas tendo escrito um impressivo volume explicitamente intitulado "The Privatization of Roads and Highways" (download gratuito aqui). No video seguinte, Block, no seu habitual estilo descontraído e bem-disposto, fala sobre este tema:

Sem comentários

Diário da República, II Série, parte L, 31 de Março de 2011, Anúncio de procedimento n.º 1462/2011 lançado pela Autoridade Nacional da Segurança Rodoviária:
Objecto: Aquisição de Serviços de Elaboração de Propostas de Decisão de Propostas de Contra-Ordenação

Alienação computacional

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Verdade, ciência, modelos matemáticos e peer-review

Estes dois pequenos trechos, a meu ver, merecem cuidade reflexão. O texto de Alan Carlin linkado é uma peça notável por parte de um Phd em economia e, simultaneamente, com uma licenciatura(?) em Física que, enquanto economista, se recusa à partida a aceitar que os dados de outras ciências que lhe são fornecidos como input sejam indiscutíveis e insusceptíveis de serem questionados. Muitos projectos ruinosos não teriam sido feitos neste país caso esta posição ética tivesse sido assumida pelos intervenientes no cálculo do custo-benefício.
«In my career in academia, however, I discovered to my dismay that many of my colleagues had little interest in the search for truth, however one might understand or pursue it. To them, their research and publication amounted to a game in which the winning players receive the greatest rewards in salary, research funding, and professional acclaim. They understood that because of cloistered academic inbreeding, economists at the most prestigious universities consider the “smartest guys” to be those who employ the most advanced, complex, and incomprehensible mathematics in their “modeling” and “empirical testing.” Robert Higgs, Truth and Freedom in Economic Analysis and Economic Policy Making
«An important footnote here is that valid science as used here is determined by whether it is based on the most relevant observational tests and the scientific method, not by whether it has or has not appeared in a peer-reviewed journal. Peer-review may play an important role in determining which articles are published, but does not guarantee that the assumptions and hypotheses used represent valid science since the primary requirement for successful peer review is that other experts agree with the author. Particularly if enough experts agree on one particular viewpoint or if experts who do not agree are excluded from the peer review, peer-review does not guarantee scientific validity(...)». Alan Carlin, A Multidisciplinary, Science-Based Approach to the Economics of Climate Change

5 desastres ambientais que nunca aconteceram

Desde que Paul Ehrlich publicou o "Population Bomb" (uma espécie de maulthusianismo do século XX) que têm sido inúmeros os anunciadores de catástrofes pretendendo convencer-nos que, ou agimos agora, ou o mundo desaparecerá no meio de hecatombes terríveis.


(Via ReasonTv)