quinta-feira, 19 de maio de 2011

Dos limites da desfaçatez (15)

Mês após mês, o inefável Valter Lemos aparece na televisão e nos jornais para assinalar os dados "encorajadores" da evolução do número de inscritos nos centros de emprego ou, no mínimo, os indícios "animadores" que o governo consegue descortinar pelo facto de a taxa de crescimento dos novos desempregados, num dado mês, evoluir "favoravelmente" pelo facto de ela (taxa) ser menor da que já ocorreu (!) anteriormente.

Nesta permanente mistificação que visa suavizar a tragédia do desemprego - "porque importa transmitir confiança aos agentes económicos e não promover o bota-abaixismo" -, os dados fornecidos pelos centros de emprego jogam um papel importante. Eles são divulgados antes dos dados oficiais fornecidos pelo INE (e os únicos reconhecidos na União Europeia pelo Eurostat) numa estratégia que pretende amortecer as sucessivas más notícias que as estatísticas do emprego teimam em revelar.

Assim, quando ontem surgiu a "notícia" que "o desemprego registado nos centros de emprego voltou a cair em Abril esperar-se-ia que, hoje, os dados que antecipadamente se sabiam ir ser divulgados pelo INE não iriam trazer boas notícias. É certo que o INE iniciou uma nova série estatística - como tal não comparável directamente com a anterior - e portanto os 12,4% de taxa de desemprego do 1º trimestre do ano correspondentes a 689 mil desempregados iriam ser desvalorizados por esse facto. Foi o que, sem surpresa, o Sr. Pinto de Sousa fez. Porém, como se pode ser no Destaque do INE, mesmo mantendo a metodologia anterior, a taxa fixar-se-ia em 11,4% e esta última seria directamente comparável com a taxa de 11.1% verificada no último trimestre do ano anterior.

Portanto, seja na nova metodologia seja na anterior, o desemprego cresce, atingindo a taxa de 28% (!!) para a população jovem e tudo isto mesmo quando se verifica novamente, tal como na década de 60 do século passado, uma elevadíssima emigração, como se pode constatar aqui (com a devida deferência ao Prof. Álvaro Santos Pereira pelo verdadeiro serviço público que continua a prestas com a divulgação de séries longas estatísticas).

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