sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Estado e moral hazard (1) - Escola pública e salário mínimo

A erupção de violência juvenil a que assistimos em Inglaterra não terá certamente uma explicação unidimensional não tendo eu dúvidas que iremos assistir nos próximos meses a vastos exercícios sociologistas, as mais das vezes promovendo a “compreensão” e “desculpabilização” dos bandos criminosos compostos de fedelhos [“No wonder these kids think stealing trainers is OK. Everyone makes excuses for them1].

Em todo o caso, parece-me não oferecer dúvidas que décadas continuadas de assistencialismo (welfare) por parte do estado social britânico tiveram como consequência a criação de um exército de subsídio-dependentes, incapazes de qualquer espécie de autonomia por terem perdido a sua individualidade e auto-estima. Aguardam apenas, mês após mês, o cheque da segurança social.

Foi na vivência desta cidadania de segunda que toda uma geração de jovens cresceu. Depositada diariamente numa escola pública “inclusiva” pela obrigatoriedade legal do K12 mas também, e sobretudo, pela ameaça de retirada dos subsídios aos seus pais em caso de “abandono escolar” precoce, esta é uma geração de pais ausentes incapazes de projectar uma cultura de responsabilidade e de premiar e castigar os seus filhos [“We've failed to teach our kids that an entitlement culture is wrong. Now we are paying the price 2].

Quando finalmente saem do sistema educativo, boa parte deles literalmente iletrados, é a crise económica conjugada com a absurda imposição de um salário mínimo que afasta a grande maioria de uma última possível saída deste inferno: a obtenção de um emprego e a correspondente autonomia financeira (ainda que parcial).
O “Welfare State” é o primeiro grande foco de moral hazard. Há que lancetá-lo.
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1 Grato ao Joaquim pela referência.
2 Idem ao Samuel Paiva Pires.

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