quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

De Bruxelas, insanidade burocrática e perigos reais

Ao lermos uma notícia como esta, Comissão Europeia processa Portugal por não proteger as galinhas poedeiras por, entre outras não conformidades, os nossos produtores não respeitarem "para cada galinha, pelo menos 750 cm² de superfície da gaiola, um ninho, uma cama, poleiros e dispositivos adequados para desgastar as garras, que permitam às galinhas satisfazer as suas necessidades biológicas e comportamentais", um sorriso é inevitável (só para os não produtores, claro!). Mas, se reflectirmos um pouco mais, a coisa é, muito provavelmente, bem séria. Dois exemplos bem recentes:

Primeiro exemplo: o navio representado na foto abaixo é o acidentado Costa Concordia por ter visto seu casco rasgado ainda que, supostamente, estivesse dotado de equipamento de navegação que deveria ter alertado para o fundo rochoso onde embateu. Como dá para perceber (clicar na foto para ver melhor), o navio ostentava o símbolo da União Europeia no casco tendo a sua construção obedecido à regulação comunitária ditada a partir de Bruxelas que, como aqui se explica, tem muito que se lhe diga como se faz notar num estudo encomendado pela própria União Europeia.


Segundo exemplo: também os implantes mamários PIP (Poly Implant Prothese), de origem francesa, foram colocados no mercado sob a chancela CE (Communauté Européenne) atribuída por agência de certificação francesa, chancela essa que, uma vez obtida para um dado produto, torna ilegal, no espaço da União Europeia, quaisquer entraves à sua comercialização e utilização.



E todavia, antes de rebentar o escândalo havia registo de muitos avisos de que o "carimbo" CE não passava de uma mera "certificação de papel", muito à (negativa) semelhança de boa parte dos sistemas de qualidade construídos na lógica que o que importa é se um dado instrumento, por exemplo de medida, está bem aferido, não se com ele se mede alguma coisa...

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