segunda-feira, 8 de abril de 2013

Quanto tempo demorará desta vez?

Via Zerohedge, Luke Eastwood assina Decline And Fall Of The New Rome. Subscrevo as similitudes históricas detectadas (ver também Huerta de Soto aqui) pelo que me pareceu útil amplificar o seu conteúdo traduzindo o texto.
Inflação desenfreada provocada pela degradação da moeda, corrupção no aparelho de estado e acção correctiva [?!] do nanny state que apenas agrava a situação. Declínio do comércio em consequência das guerras para controlar o império, massiva sobre-utilização extensiva dos militares, com cada vez maiores despesas com as forças armadas, financiadas por aumentos nos impostos sobre os cidadãos, especialmente sobre aqueles com menos condições de os pagar.

Soa-lhe a algo de familiar? O parágrafo acima não descreve a nossa sociedade actual mas a do Império Romano desde o século III em diante. No entanto, qualquer um seria desculpado caso pensasse que eu estava descrevendo as economias ocidentais em declínio dos Estados Unidos, do Japão e da Europa.

As semelhanças entre o declínio do antigo Império Romano e do actual império ocidental são muito marcadas. Não somente os mesmos erros estão sendo cometidos pelos nossos governantes, mas o simbolismo e a estrutura dos nossos governos diferem notavelmente pouco dos de Roma. Basta um olhar à Casa Branca, ao edifício do Senado dos EUA, ao Banco da Inglaterra, etc.: não é coincidência que todos eles tenham sido construídos seguindo o estilo romano.

Assim como os romanos depreciaram o seu denário de prata, que tinha um teor de 95% no tempo de Augusto, nos finais do império ele era apenas de 0,2%. Agora mesmo os governos ocidentais estão envolvidos numa guerra de desvalorizações que acabará ultimamente por nos conduzir à hiperinflação - tal como aconteceu ao longo de todo o Império Romano.

Todas as tentativas de estabilização da economia do império falharam - como aconteceu, por exemplo, com as reformas de Constantino e Diocleciano, tal como os ineptos esforços da nossa actual classe política estão penosamente a falhar.

Para aqueles que podiam recorrer às moedas de ouro em vez de a substitutos de moeda (i.e., adulteradas moedas de prata), era possível deter poder de compra efectivo e capacidade para satisfazer as suas obrigações fiscais perante o império. Infelizmente, com frequência, e devido à inflação desenfreada, era impossível aos cidadãos mais pobres conseguirem pagar os seus impostos, o que significava, em consequência, terem que abdicar do seu património.

Por fim, apenas os genuinamente ricos e os funcionários do estado, como os soldados e os burocratas, tinham algum poder de compra real. A grande massa da população foi cada vez mais pressionada e o tecido do império começou a romper-se.

Ouvir-se-ão campainhas a tocar? É claro que, neste clima actual de incompetência e indiferença políticas, são os contribuintes e cidadãos comuns da Europa, do Japão e da América que estão pagando o estado inchado, um sector financeiro protegido e corrupto e, sobretudo, a sobre-extensão imperial das (supostas) ex-potências imperiais dentro da NATO.

Assim como Roma não entrou em colapso de um dia para outro, o mesmo sucederá ao eixo americano/japonês/europeu. Todavia, o que é claro é que a história se está repetindo - as economias ocidentais estão condenadas ao fracasso se não forem radicalmente reformadas.

Tal como em Roma, a corrupção em todos estes estados é endémica pelo que esperar por uma reforma é como esperar que um juiz ordene a sua própria execução, por obstrução  à justiça. Deste modo, o que podemos esperar será um declínio gradual e uma inexorável queda; a única questão real para discutir é: quanto tempo demorará desta vez?

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