quarta-feira, 21 de agosto de 2013

A ciência climática e o método científico

Um breve apontamento de Peter G. Klein, um economista de pendor austríaco especializado nas matérias do empreendedorismo e da empresa, a propósito de um artigo publicado no habitualmente eco-teócrata The Guardian, chamando a atenção para a insuportável jactância, vazia da saudável (e necessária) humildade científica, que tem caracterizado os últimos 25 anos da ortodoxia climática. A tradução, como habitualmente, é da minha responsabilidade.
Este artigo acerca dos cépticos da ciência climática está a fazer o seu caminho e a provocar as denúncias expectáveis nos sítios habituais. De facto, nele se fazem algumas afirmações razoáveis e bastante moderadas, nomeadamente que a ciência climática, como a astronomia ou a biologia evolutiva, pertence a um tipo diferente de "ciência" do da física, da química ou da geologia ou de outras ciências mundanas. Nos primeiros domínios, os pressupostos fundamentais e os principais mecanismos não são geralmente falsificáveis​​, os dados muitas vezes são mais imprecisos do que é habitual e há frequentemente recurso a muita "criatividade" para colmatar as lacunas.
Muitos cépticos têm dúvidas que a ciência climática possa ser classificada como científica uma vez que ela não é falsificável (segundo o critério de demarcação de Popper). Eles alegam que muito embora alguns elementos da ciência climática possam ser testados em laboratório, a complexidade das interacções e dos ciclos de feedback, bem como os níveis de incerteza nos modelos climáticos, são demasiado elevados para poderem constituir uma base útil para a definição de políticas públicas. A relação entre as observações  e estes modelos [ou seja, as suas previsões] constituem igualmente uma preocupação para os cépticos da ciência climática. Em particular, o papel da sensibilidade climática.

Para além das questões com a utilização dos modelos, a própria qualidade das observações tem sido alvo de críticas. Algumas das quais têm sido tentativas de sanar os problemas decorrentes da bagunça na recolha de dados no mundo real (por exemplo, as questões ligadas ao posicionamento das estações meteorológicas), enquanto outras se concentraram nas debilidades percebidas nos métodos indirectos [proxy] necessários para calcular dados históricos relativos a temperaturas tais como cortes nas placas de gelo polar ou aneis de árvores fossilizadas.

Tais alegações são de qualidade variável, mas o que as une é a convicção de que a qualidade dos dados em vários ramos da ciência climática está abaixo da que é exigível pela "verdadeira ciência".
O que mais me impressiona nestas "grandes" ciências é a linguagem e o tom tipicamente usados para comunicar os resultados ao público. Onde os cientistas nos domínios mundanos expressam as suas conclusões cautelosamente, enfatizando que os resultados e conclusões são tentativos e sempre sujeitos a contestação e a revisão, os cientistas climáticos parecem ver-se a si próprios como Bravos Cruzados pela Verdade derrubando os "Negacionistas" (que têm de ser financiados pela indústria do petróleo ou por algum outro pérfido grupo). Eles gritam que "sabemos" isto ou aquilo sobre as alterações climáticas, como estará o planeta daqui a 5000 anos, etc. Dificilmente ouvimos outros cientistas a falar assim, ou a agir como se os cépticos fossem necessariamente preconceituosos e irracionais.

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