terça-feira, 6 de agosto de 2013

O controlo de armas, e não a sua posse, é a principal causa do crime

Um virulento e assertivo artigo, assinado por Jon Christian Ryter, onde cheguei via Olavo de Carvalho (no facebook) que confirma, ainda que muito sinteticamente, por via empírica quanto aos EUA, a experiência histórica inglesa acolhida no livro que ocupa a vitrina "Guns and Violence" (indicação de Thomas Sowell). A tradução, é parcial e adaptada (os realces são do autor).
"Pense-se nisto. Os Estados Unidos da América têm a terceira maior taxa de homicídios do mundo. Mas, caso não se considerassem três das suas cidades -Chicago, Detroit e Washington DC -, os Estados Unidos ficariam com a quarta menor [itálico meu] taxa de homicídios do mundo. Aquelas três cidades, por sinal, têm as leis mais duras de controlo de armas dos Estados Unidos. Nenhuma delas, porém, é a capital dos assassinatos do país. Detroit é a número #2. A elevada taxa de criminalidade é devida à pobreza e à dependência das drogas. A sua vizinha, Flint, é a número #1. New Orleans é a número #3, St. Louis é a número #4 e Baltimore a número #5. A sexta é a Birmingham. Empatadas no sétimo lugar estão Newark e Oakland, Baton Rouge é a oitava. Cleveland é a nona e Memphis a décima. As doze cidades no topo da lista dos assassinatos (acima indicadas) têm uma coisa em comum. E não é a das violações dos progressistas sociais à 2 ª Emenda [Direito dos cidadãos à detenção de armas]. É a pobreza.

As cidades mais pobres do país têm as mais elevadas taxas de criminalidade. Detroit é a cidade mais pobre dos Estados Unidos. Cleveland é a 4ª mais pobre seguida por St. Louis, que é a 6ª e Newark como a 10ª cidade mais pobre. Entre as dez cidades mais perigosas dos Estados estão St. Louis (#1), Detroit (#2), Memphis (#3), Oakland (#4), Baltimore (#8), Cleveland (#9) e Baton Rogue (#10). Estas cidades estão entre as dez primeiras onde se tem a maior possibilidade de ser assaltado à mão armada - e morto. Quanto mais convictos estiverem os criminosos que as suas potenciais vítimas não estão armadas, mais provável será que aqueles cidadãos virão a ser atacados. O que significa isto quanto ao controlo de armas? O controlo de armas, e não a sua posse, é a principal causa do crime. Tornem-se os fortes fracos, através do seu desarmamento, e os fracos tornar-se-ão suficientemente fortes para os atacar. Isso não é uma declaração extravagante vinda do nada. Isto é um facto comprovado pelas estatísticas. Deste modo, sendo isto tão obviamente verdade, por que razão é que o governo federal - e os senhores da Nova Ordem Mundial - estão tão determinados nos seus esforços para proibir a posse privada de armas? Acreditem-me, não é para proteger os cidadãos da violência armada. Eles pretendem proibir a posse privada de armas de fogo não porque se esteja com medo de bandidos armados na rua, mas porque têm medo dos cidadãos honestos que detêm armas legais que já disseram ao governo dos Estados Unidos "já chega!" vezes demais.

Hoje, esses honestos cidadãos estão energicamente a recordar aqueles que o elegeram - o governo central - que ele deriva 100% do seu poder não dos príncipes da indústria e dos barões da banca que os subornam, mas do consentimento dos governados que, hoje, estão prontos a dissolver os laços políticos que unem os homens honestos aos políticos corruptos que desperdiçaram a riqueza da maior nação da Terra. Porque se "Nós, o Povo" não lidarmos com o governo politicamente mais corrupto na Terra - a Administração de Obama - os Estados Unidos da América deixarão de existir antes que "o poço de moeda fiduciária", que financia o nosso falido sistema de Segurança Social, venha a secar ou antes que a Avó vá a um hospital Obamacare para lancetar o furúnculo purulento na sua nádega e acabe por morrer na mesa de tratamento. Por outras palavras, quando o direito a possuir armas morrer, o mesmo acontecerá à nação."

15 comentários:

BC disse...

Não concordo nada com esta opinião. Claro que se eu andar na rua de tanque corro menos riscos de sofrer carjacking. e se andar de metrelhadora automática tenho menos probabilidades de ser assaltado na rua. Como posso montar lança-chamas na porta de minha casa. Mas eu não vejo interesse em viver assim. As armas só deviam estar acessíveis a forças de segurança, a profissionais que tenham razões plausíveis para as transportar.

Eduardo Freitas disse...

Caro BC,

"As armas só deviam estar acessíveis a forças de segurança, a profissionais que tenham razões plausíveis para as transportar."
Esta é uma afirmação que, comprovadamente, não tem sustentação empírica, como também Thomas Sowell aqui ilustrava. Entre o que "devia" e o que "é", igualmente nesta matéria, vai uma galáxia de distância que não há como a contrariar por proibicionismos de qualquer espécie (à excepção notável dos estados totalitários). A emergência da máfia, por altura da Lei Seca, bem evidenciou como, modernamente, os últimos 40 anos da "guerra às drogas".
Toda a literatura de base empírica existente aponta no sentido que se defende no artigo, nomeadamente na correlação entre armas e crimes, entre o que é causa e consequência.
Acresce que, filosoficamente, subscrevo a posição daqueles que defendem que a detenção de armas de fogo a título individual é uma condição essencial à plena existência de liberdade. Em consequência, a existência de um seu monopólio pelas forças de segurança (estatais) significa a redução, não o aumento da liberdade dos cidadãos. Como por várias vezes aqui afirmei, a segurança e a liberdade não são valores de igual peso. É a segurança que decorre da liberdade, e não o seu recíproco.

BC disse...

Pela mesma lógica não devia haver limites de velocidade ou taxas de alcoolemia nas estradas porque isso é atentar contra a liberdade individual. Para mim que adoro conduzir depressa os limites de velocidade são um aborrecimento.

O problema é que armas, álcool e velocidade (e até cães de raça perigosa) podem facilmente tirar vidas humanas, e não é filosoficamente, é literalmente.

Ainda que muito me custe eu tenho de concordar que só profissionais (polícias e ambulâncias) possam desrespeitar os limites de velocidade enquanto profissionais no exercício de funções específicas.

Bem sei que há quem conduza acima do limite, ou bêbado ou carregue armas ilegais mas isso não é razão para acabar com as proibições.

Eduardo Freitas disse...

Caro BC,

Há um livro muito interessante, da autoria de Walter Block, disponível de borla na internet, cujo título é precisamente "Defending the Undefendable". Se algum dia quiser "testar" algumas das convicções que aqui expendeu, deixo-lhe o convite.

Cumprimentos

Aprendiz disse...

BC

É interessante notar quais foram os motivos dos pais fundadores para consagrar a liberdade de ter e portar armas. Eles afirmavam explicitamente que um dos motivos era deixar o governo com medo dos cidadãos. Isto é qualquer governante que desejasse a tirania, temeria a reação da população. É de se notar que os tiranos do mundo todo tem concordade com isto. Tiranias e genocídios, via de regra são precedidos de desarmamento da população.

Além disso, há o evidente fato de que, sob outras condições iguais, os índices de criminalidade não são maiores onde os cidadãos não são impedidos de portar armas.

Quanto à analogia entre porte de armas, velocidade, e bebedice, é facílima de destruir. Eu posso afirmar:

"Na suiça e na Finlândia, apesar de existir imensa liberdade dos cidadãos comuns terem armas (e grande parte dos cidadãos normalmente usam dessa liberdade), há pouquíssimas mortes por assassinato."

O que eu disse é verdade empírica, não pode ser negado.

Subistituamos uma parte da frase, e veja se faria sentido:

"Na suiça e na Finlândia, apesar de existir imensa liberdade dos cidadãos comuns trafegarem em velocidade excessiva nas ruas e estradas (e grande parte dos cidadãos normalmente usam dessa liberdade), há pouquíssimas mortes por acidente de trânsito."

Não, não faz sentido, o efeito esperado não seria esse. Mas tentemos outra substituição:

"Na suiça e na Finlândia, apesar de existir imensa liberdade dos cidadãos comuns trafegarem embriagados nas ruas e estradas (e grande parte dos cidadãos normalmente usam dessa liberdade), há pouquíssimas mortes por acidente de trânsito."

Novamente, o efeito esperado não seria esse.

Perceba como a sua analogia é absurda.

BC disse...

O problema da liberdade no porte de armas não é o aumento da criminalidade, não tenho a ilusão de que quem quer cometer ilícitos arranja armas ilegais.

O problema de porte de armas é o aumento de acidentes, esse é que é o problema. O problema é o vizinho que mata o vizinho por uma disputa de lugar de estacionamento. Ou o louco que dispara livremente numa praça ou escola.

A imposição de limites de velocidade não resolve as corridas ilegais. Mas diminui a probabilidade de despistes e acidentes.

O problema destas liberdades é que podem facilmente resultar em fatalidades por acidente, não necessariamente por criminalidade.

Mas mais, é o ambiente social degradado. As armas são visualmente agressivas, intimidam. Dissuadem os agressores e criminosos mas também assustam as pessoas comuns.

LV disse...

Tema interessante e actual.
Nota a BC - Importa considerar que o exercício da liberdade de uso e porte de arma não corresponde à isenção de responsabilidade de quem a exerce. Mas BC, considera que essa liberdade só deve ser deixada a alguns (profissionais como lhes chama). Falha argumentativa relativamente a alguns poderem gozer desse direito e outros não.
Está certo BC quando diz que, no caso da constituição americana, o porte de arma é consagrado como um modo de controlo do governo. O que é historicamente claro e incontornável. No entanto, existindo essa liberdade (que os socialistas agora querem negar), ela não é uma imposição, logo, só a exerce quem quer. Leve BC a argumentação às últimas consequências e verá que, se não quisesse exercer essa liberdade, nem frequentar locais onde tal liberdade é defendida, estava na sua liberdade em evitar esses locais. De um modo geral, as pessoas que não gostassem de frequentar esses lugares iriam evitá-los. Em última instância, o problema tenderia a desaparecer, pois a dissuasão (assim como o asumir da responsabilidade) é factor relevante para impedir a violência e até os acidentes.
Comparem-se os dados relativos aos homicídios em Chicago (com limitações importantes ao uso e porte de armas) com outras cidades onde essa proibição não existe. Só no fim-de-semana do quatro de Julho em Chicago houve mais de duas dezenas de homicídios e sete dezenas de feridos relacionados com armas de fogo (não são acidentes são resultado de uso violento das armas). O que compara com números muito mais pequenos nas cidades em que essa liberdade é salvaguardada.
Por fim, BC não está impedido de criar espaços (de que será proprietário) onde decide que os frequentadores estão impedidos de possuir arma de fogo.
LV

LV disse...

Julgo ter atribuído a BC uma ideia que seria de autoria de Aprendiz.
Só mais uma nota - BC no último comentário confunde acidentes com comportamentos intencionais entre adultos - veja-se o exemplo da discussão relativa ao lugar de estacionamento. E nem se apercebe que esse exemplo pode ser usado para mostrar que o uso de porte de arma pode ser dissuasor de conflitos. Repare que mesmo um tipo mal formado e com tendência para ser violento terá de pensar duas vezes se souber ou desconfiar que a sua vítima tem uma arma de fogo.

Filipe Silva disse...

No Texas não existem discussões de transito como por exemplo o existem em New York, motivo, não se sabe se com quem estamos a discutir tem ou não arma.
O que leva a uma maior civilidade por parte das pessoas.

A analise dos numeros do FBI para os assassinatos verificamos que existe maior numero de mortes com as mãos e armas (não de fogo) do que com armas de fogo.

Em relação a velocidade porque é 120? e não 110? ou 140?

Um carro de 1990 digamos um clio a 120 é muito menos seguro que por exemplo um Ford Focus de 2013 a 160.

Os carros hoje são muito mais seguros que os de há 10anos, mas a velocidade é a mesma há mais de 20 anos.

A velocidade deve ser sempre ajustada a realidade, por vezes dentro de localidade 30km é velocidade excessiva, como na auto estrada 100km/h pode ser velocidade excessiva.

As pessoas são capazes de consumir alcool e conduzir porque a sociedade não reprime essa conduta.

O alcool é promovido activamente pela sociedade(basta ver as queimas das fitas, festivais de verão, etc....), não é visto como o que é, uma droga, como outras que se proíbe.

Eu não bebo, e algo que verifico é que em situação social, quando digo que não bebo, cria se um certo mal estar dos outros para comigo.
A sociedade glorifica o alcool e depois fica incomodada quando as pessoas actuam sobre a influência.

A responsabilização civil e penal terá de ser elevada, para responsabilizar individualmente as pessoas.

Sou contra ser proibido conduzir alcoolizado, mas se isso acontecer e tiver um acidente as pessoas devem ser altamente penalizadas.

Não existe liberdade sem responsabilidade

BC disse...

A correlação entre crime e armas é demasiado simplificada para poder ser feita. Muitos outros factores influenciam o crime (pobreza, concentração urbana, etc) e não apenas disponibilidade de armas.

Mas o problema são os acidentes. Quando alguém puxa de uma arma ou conduz a 200km/h não está no seu estado normal, está eufórico, com medo, excitado. Isto é, está fora do seu padrão normal de comportamento o que se pode tornar perigoso.

A razão que me leva a defender a proibição do porte de armas é o mesmo que me leva a defender a proibição do uso de burcas. É um atentado visual e comportamental numa sociedade civilizada. O livre porte de armas podia ser necessário no velho oeste americano mas hoje em dia não faz sentido.

Caro Filipe,

"Sou contra ser proibido conduzir alcoolizado, mas se isso acontecer e tiver um acidente as pessoas devem ser altamente penalizadas"

Diga-me, se for mortalmente atropelado por esse condutor alcoolizado que lhe interessa o que lhe acontece depois?

A nossa liberdade deve acabar quando o exercício dela possa colocar em risco outras vidas.

LV disse...

Mas BC, veja que este seu último comentário comete o mesmo erro que os anteriores. Simplificando, BC considera que a proibição é suficiente para evitar os acidentes. Não é. Ela será ultrapassada tanto na velocidade (aqueles que vejo a andar rápido pela capital, pelo menos, não é gente alterada ou alcoolizada; alguns deles são até pais que levam os filhos a caminho da escola!) como aqueles que, para assaltarem ou violentar alguém, fazem uso de arma de fogo. Com a agravante das eventuais vítimas estarem indefesas.
LV

BC disse...

Caro LV,

A velocidade excessiva não é a única causa de acidentes. Por isso a eliminação de velocidade excessiva não elimina os acidentes. Nem ninguém tem a ilusão de que a existência de limites pode eliminar a prática de excessos de velocidade. Agora é óbvio e está demonstrado que quanto maior fiscalização houver menor é o número de condutores que ultrapassa o limite de velocidade.

As armas e o excesso de velocidade são exactamente o mesmo caso.

pretinha disse...

BC
Você disse:

"O problema da liberdade no porte de armas não é o aumento da criminalidade, não tenho a ilusão de que quem quer cometer ilícitos arranja armas ilegais.

O problema de porte de armas é o aumento de acidentes, esse é que é o problema. O problema é o vizinho que mata o vizinho por uma disputa de lugar de estacionamento. Ou o louco que dispara livremente numa praça ou escola."

Creio que você confunde os conceitos. Esses casos que você citou são crimes, e não acidentes, e portanto estão dentro das estatísticas de crimes que diminuem em países em que os cidadãos podem ter armas e aumentam naqueles em que os cidadãos não podem ter armas.

pretinha disse...

BC

Você disse:

"Mas mais, é o ambiente social degradado. As armas são visualmente agressivas, intimidam. Dissuadem os agressores e criminosos mas também assustam as pessoas comuns."

Bom, não creio que os suíços e finlandeses achem que o ambiente social de seus países esteja degradado. Já os franceses e ingleses frequentemente falam da imensa degradação social de seus países.

Você também fala das armas assustarem as pessoas comuns. Você diz isso por morar num país onde o comum das pessoas não podem ter armas. Num lugar onde armas são corriqueiras, as pessoas as consideram como um objeto comum, como uma faca ou um pente.

De qualquer forma, parece difícil justificar o óbice total a uma liberdade importantíssima com base nos conceitos estéticos de algumas pessoas.

Além disso, pessoas que portam armas (mas não estou falando de bandidos) não ficam por ai a exibir suas pistolas no meio da rua e apontando para as pessoas que passam. Uma regra básica do uso de pistolas e revolveres é deixa-las no coldre, ou guardadas em lugar seguro, e retira-las apenas para manutenção, treinamento, ou no caso de existir uma grave ameaça. É considerado extremamente ofensivo deixar ver um revolver que você carrega sob o casaco. Você talvez ande vendo muito filme de cowboy.

Anónimo disse...

É so não viver assim, e não se intrometer na vida de quem quer viver assim. Fica a dica