segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Terá o Sol adormecido?

O indispensável WUWT proporciona-nos uma leitura comentada de uma surpreendente peça divulgada pela BBC na passada sexta-feira, dia 17 mês (vídeo abaixo), que veicula uma perspectiva herética-ainda-que-mitigada da suposta "ciência estabelecida", facto até há bem pouco tempo impensável por parte de um dos fanáticos seculares expoentes do alarmismo (climático, no caso). Refiro-me à hipótese de que o Sol seja um factor determinante na evolução climática da Terra (leitura recomendada em alemão ou inglês). Estamos perante mais um sinal de ruína do edifício do "terrorismo climático" (alô, Maurício!) apesar da persistência de irresponsáveis Cassandras e de políticos que continuam a perseguir a resolução de problemas inexistentes.


Transcrição de Alex Rawls (AR) com tradução minha:
BBC (locução): A maravilha das luzes setentrionais [também conhecidas por "luzes do Norte"] faz-nos recordar a íntima ligação que temos com a nossa estrela. A aurora boreal ocorre quando o vento solar atinge a atmosfera superior da Terra, mas muitas dessas imagens podem desaparecer em breve. Algo está a acontecer à actividade solar na superfície do Sol: ela está a diminuir, rapidamente.
Professor Richard Harrison, do Laboratório Rutherford Appleton [00:28]: Seja qual for a medida usada, ela [a actividade solar] está a diminuir, os picos solares estão a diminuir, é por exemplo o que se passa com as erupções [labaredas] solares. Isto parece ser muito, muito significativo.

Dr. Lucie Green, University College de Londres [00:36]: Os ciclos solares estão a ficar cada vez mais pequenos. A actividade tem vindo a reduzir-se cada vez mais.

BBC locução: Há uma vasta gama de manifestações da actividade solar: manchas solares, áreas intensamente magnéticas vistas daqui como regiões escuras na superfície do Sol; ventos solares e luz ultravioleta que irradiam em direcção à Terra; labaredas que irrompem violentamente e ejecções de massa coronal que lançam milhares de milhões de toneladas de partículas de carga para o espaço. A actividade solar aumenta e diminui em ciclos de 11 anos e estamos agora no pico, o máximo solar, mas o máximo deste ciclo está estranhamente tranquilo.

Harrison [01:18]: Há 30 anos que trabalho como físico solar. Eu nunca vi nada de semelhante a isto. Se se quiser encontrar um outro período em que o sol esteve tão inactivo, em termos do mínimo por que acabámos de passar e do pico que agora atravessamos, é necessário recuar cerca de cem anos, pelo que isto não é algo a que eu tenha assistido na minha vida, não é algo a que as duas gerações anteriores à minha tenham assistido.

BBC locução: O número de manchas solares é uma fracção do que os cientistas estavam à espera, as erupções solares reduziram-se a metade. Richard Harrison é o responsável da Física Espacial do Laboratório Rutheford-Appleton, em Oxfordshire. Ele diz que o ritmo a que a actividade solar está a diminuir replica o que se passou durante um período no século XVII em que as manchas solares praticamente desapareceram.

Harrison [01:57]: O "Mínimo de Maunder" [entre 1645 e 1715] foi um período em que praticamente não houve manchas solares durante décadas e onde se assistiu a um período realmente dramático com Invernos muito frios no hemisfério norte [não apenas no hemisfério norte, faz notar AR]. Foi um período em que houve uma espécie de mini-idade do gelo. Um período em que, nomeadamente, o Tamisa gelava durante os Invernos. Foi uma época interessante.

BBC locução: Os rios e os canais gelaram por todo o norte da Europa. Pinturas do século XVII mostram as "feiras no gelo" [link] sobre o Tamisa. Durante o "Grande Inverno" de 1684, o rio congelou durante dois meses, chegando a camada de gelo a atingir cerca de 30 cm de espessura. O Mínimo de Maunder recebeu o nome do astrónomo que observou o declínio na actividade solar que coincidiu com esta mini-era glacial.

BBC (a correspondente científica, Rebecca Morelle) [02:46]: O Mínimo de Maunder chegou numa altura em que a camada de neve se mantinha por mais tempo e era mais frequente. Não foi apenas o Tamisa que congelou. O mesmo sucedeu com o Mar Báltico. Más colheitas e fomes generalizaram-se por todo o norte da Europa. Assim, será que um declínio na actividade solar pode vir a significar uma descida abrupta nas temperaturas durante as próximas décadas?

Dr. Lucie Green [03:04]: Vimos observando as manchas solares, que são o sinal mais evidente da actividade solar, desde 1609 pelo que temos 400 anos de observações. O Sol parece estar numa fase muito similar à que ocorreu no período que antecedeu o "Mínimo de Maunder", querendo com isto dizer que a actividade está a reduzir-se ciclo após ciclo.

BBC locução: Lucie Green trabalha no Laboratório de Ciência Espacial Mullard em North Downs. Ela acha que os níveis mais baixos de actividade solar podem afectar o clima, mas não tem certezas quanto à extensão do seu impacto.

Green [03:35]: É uma área muito, muito complexa porque a actividade do Sol controla a quantidade de luz visível que o Sol produz, mas também as quantidades emitidas de luz ultravioleta e de raios X que, em conjunto, criam uma teia de alterações na parte superior da atmosfera terrestre que provoca efeitos que na realidade não compreendemos completamente.

BBC locução: Alguns investigadores têm recuado ainda mais no tempo, pesquisando as camadas de gelo em busca de partículas que em tempos estiveram na alta atmosfera, partículas essas que evidenciam variações na actividade solar. O trabalho de Mike Lockwood sugere que a actual é a taxa mais rápida de declínio da actividade solar em 10.000 anos.

Professor Mike Lockwood, da Universidade de Reading [04:20]: Se analisarmos o registo de núcleos de gelo podemos dizer, "bem, quando estivemos neste tipo de situação anteriormente, o que é que o Sol continuou a fazer", e, com base nisso, e à taxa de declínio actual, podemos estimar que daqui a cerca de 40 anos, haverá cerca de dez ou vinte, provavelmente mais perto de uma probabilidade de 20% de que possamos regressar às condições do "Mínimo de Maunder" por essa altura.

BBC locução: Menos actividade solar significa uma queda na radiação ultravioleta. Mike Lockwood diz que isso parece afectar o comportamento das correntes de vento. As correntes de vento alteram o seu padrão. Isto acaba por impedir que o ar quente atinja o norte da Europa, o que provoca longos Invernos frios. Mas, e quanto às temperaturas globais como um todo?

Lockwood [05:03]: É preciso fazer uma distinção muito clara entre clima regional e clima global. Se houver um Inverno frio na Europa devido a estes eventos bloqueadores, o tempo ficará mais quente, por exemplo, na Gronelândia pelo que, em média, praticamente não há alteração [uma conjectura desprovida de qualquer tipo de suporte e que é incompatível com a razão e as evidências - nota de AR], pelo que se trata de uma redistribuição de temperatura no Atlântico Norte.

BBC Morelle: A relação entre a actividade solar e o clima na Terra é complicada, mas se a actividade solar continuar em queda poderá dar-se o caso de a temperatura descer à escala do planeta? Poderiam daí advir consequências para o aquecimento global?

Green [05:38]: O mundo em que vivemos hoje é muito diferente do mundo habitado durante o Mínimo de Maunder. Assim, temos a actividade humana, a revolução industrial, e todos os tipos de gases que estão sendo bombeados para a atmosfera, de modo que, por um lado, talvez tenhamos um Sol a arrefecer mas, por outro lado, temos a actividade humana que pode contrariar esse efeito e eu penso que, na realidade, é muito difícil dizer de que forma estes efeitos irão competir entre si e, portanto, quais serão as consequências para o clima global.

BBC locução: Assim, mesmo que o planeta como um todo continue a aquecer, se entrarmos num novo Mínimo de Maunder o futuro da Europa do Norte poderá passar pelo frio e pelos Invernos gelados durante décadas, e sem que tivéssemos sequer as frequentes exibições das luzes do Norte para nos animar.

1 comentário:

Floribundus disse...

parece que
'o Sol quando nasce não é para todos'

Al Gore não tem andado a vender o seu lixo de luxo

os verdes passaram os do Sporting

no tempo da Alma Mater Studiorum
dizia-se
'in oculum descansum est'