sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

domingo, 12 de fevereiro de 2017

Sobredeterminação das Narrativas oficiais

"Sistema de alianças e propaganda"

Partilhamos com os nossos leitores uma entrevista a Oana Lungescu (conselheira da NATO para as políticas de comunicação e presença nas plataformas sociais, sim a guerra também já passa por elas) levada a cabo por Jonathan Eyal (Royal United Services Institute - RUSI).
Não deverá espantar-nos que uma conselheira para a área da comunicação social seja entrevistada para dar conta da natureza e condição do sistema de alianças da NATO. É precisamente no plano da mensagem e da sua divulgação que a guerra para já se desenvolve.

Todo o desenvolvimento e desfecho da eleição de Trump (mas também do Brexit, não esqueçamos) deve ser considerado um caso exemplar para compreender a dimensão e a natureza das tensões e dos conflitos que se desenvolvem por estes tempos. A guerra, por agora, está focada na mensagem, na iniciativa de orientar a narrativa acerca dos eventos mais relevantes da história e da política internacional.

A luta pela interpretação destes eventos não é nova, é certo. Mas os meios para disputar a narrativa determinada unilateralmente multiplicaram-se. Seja pelo reforço das posições de alguns gigantes - China e Rússia -, seja pela renovada importância de que alguns (pequenos) actores se vêem investidos. A tensão entre os diferentes interesses das grandes potências atingiu uma intensidade tal que estes pequenos actores podem ser decisivos na determinação da próxima peça de dominó que há-de cair.

Não podemos sublinhar mais a importância de perceber a que ponto chega o desespero em controlar a interpretação dos eventos (vejam-se as mudanças legislativas para punir a "dissidência" em Inglaterra). Esta entrevista é, julgamos, paradigmática desse receio. A decadência que se tornou evidente nos meios de comunicação convencionais, especialmente a propósito de Trump, elevou a constatação do senso comum a verdadeira função que esses meios ocupavam nas respetivas máquinas de propaganda.

E o que Lungescu faz nesta entrevista? Dar orientações para quem as quer ouvir de como "falar verdade". Assim como afirmar a frescura e a vitalidade do sistema de alianças e informações da NATO, cujo modo se pode aferir pelas recentes demonstrações de prontidão por essa Europa fora (veja-se na Lituânia, há dias). Chega a ser deliciosa a candura do lema "responder à agressão russa" presente nestas manobras. Mas como muitas coisas deliciosas, mostram-se deliciosamente perigosas.




É suposto estarmos descansados, não é?

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Cogitações (7)

Ouvem-se por aí algumas das últimas conclusões a que chegou o INFARMED a propósito dos resultados de (e cito) "tratamentos inovadores para a hepatite C só possíveis pela concorrência entre produtores".

Ouve-se mas não se acredita. Será possível que o politicamente correto duvide que a abolição de limitações à entrada de novos operadores traz benefícios? Em particular para quem mais precisa deles?

Este profundo consenso não olha à sua volta e não vê que os sectores onde se diminuem as limitações à actividade económica são aqueles onde os custos mais baixam e a qualidade dos produtos sobe?

Se isto já acontece, entre outros, com telefones móveis, roupa desportiva ou (vejam lá!!) com medicamentos inovadores para tratamento de doenças, por que espera o politicamente correto? Em nome de que coerência (filosófica ou política) podem manter-se os constrangimentos à concorrência seja em que sector for?

Pior cego...

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Radar

Ainda se hão-de fazer sentir as verdadeiras consequências de uma economia de papel ao longo dos próximos anos. O caso indiano que por aqui temos acompanhado, é exemplar de algumas delas. Se lhes associarmos a desmaterialização monetária em curso (está a começar na Europa, ver aqui) perceberemos a magnitude das mudanças que vêm ao nosso encontro.
Entretanto, um ex-governador do Banco Central Indiano Venugopal Reddy concluiu em recente discurso que, e cito: "o dólar é um activo seguro, mas o ouro é ainda mais seguro. (...) O ouro é uma forma de poupança ou de reserva de valor que compete com a moeda oficial".
A sinceridade fica-lhes tão bem.
Ver notícia aqui. Se algum leitor encontrar o livro branco onde se faz a exposição mais extensa destas ideias e o queira partilhar connosco, deixo aqui, antecipadamente, o nosso agradecimento.